Introdução:A ciberviolência é qualquer ato violento perpetrado ou amplificado com o uso de tecnologias da informação e comunicação. As consequências para a saúde física e psicológica podem ser diversas e profundas, afetando relacionamentos pessoais, emprego, educação e segurança pessoal. A ampla cobertura midiática desses eventos intensifica seu impacto, influenciando o senso comum, a agenda pública e os debates sobre essa questão. Objetivo:Analisar como reportagens jornalísticas retrataram a ciberviolência em seus conteúdos à luz das categorias gênero e geração.Método: Estudo documental de abordagem qualitativa. Utilizou-se jornais brasileiros em formato eletrônico como fontes de dados. A coleta de dados ocorreu de dezembro de 2023 a março de 2024. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo temática, apoiada pelo software MaxQDA, à luz das categorias gênero e geração. Resultados: Foram analisadas 73 reportagens publicadas em 50 portais de notícias. Emergiram quatro categorias empíricas: Abordagem midiática da ciberviolência; Quem vivencia e quem agride: relações sustentadas nas dinâmicas de poder; Expressões da ciberviolência diante do avanço tecnológico; Ferramentas para o enfrentamento da ciberviolência. As reportagens analisadas demonstraram que a ciberviolência é uma realidade tanto para adultos quanto para adolescentes e tem como forma mais reportada o abuso sexual baseado em imagem. As reportagens frequentemente destacam as consequências da violência e indenizações recebidas pelas vítimas, que são majoritariamente mulheres, enquanto os agressores são principalmente homens. As reportagens que descrevem casos específicos não tratam a ciberviolência como violência de gênero, diferentemente das reportagens que apresentam pesquisas ou entrevistas com especialistas, que adotam uma perspectiva de gênero. Conclusão:A ciberviolência é uma forma de violência baseada em estereótipos de gênero que afeta principalmente mulheres, causando impactos sociais, econômicos, acadêmicos e na saúde física e psicológica. As reportagens analisadas focam na investigação policial e nas indenizações às vítimas. Não retratar a ciberviolência como uma forma de violência de gênero reforça estereótipos masculinistas e perpetua valores sexistas e misóginos. Uma abordagem sensível às questões de gênero pode influenciar positivamente a opinião pública e promover a discussão sobre os direitos das mulheres.