A prática do enfermeiro pode seguir duas principais vertentes pedagógicas. A primeira é a tradicional. Nesta concepção, o enfermeiro avalia somente aquela “parte” do corpo danificado (BOUÇAS, 2007). De acordo com Silva et al, 2002, esta concepção tradicional repercutiu no ensino da enfermagem em 1860 na escola fundada pela precursora desta profissão, Florence Nightingale, a qual a educação era repassada de forma autoritária, e inquestionável. A segunda vertente é a concepção transformadora, ela busca avaliar o paciente como um todo, corpo e mente, de forma holística, avaliando todos os aspectos físicos, sociais e culturais. A concepção transformadora foi introduzida no ensino da enfermagem, onde o enfermeiro torna-se capaz de intervir no processo saúde doença, numa perspectiva voltada para o cuidar, o educar, gerenciar e pesquisar (FREITAS; GUEDES; SILVA, 2003). Este estudo objetivou conhecer a prática pedagógica adotada pelo enfermeiro em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do município de Conceição do Araguaia, Pa-Brasil. Abordagem metodológica do tipo qualitativa, cuja ferramenta utilizada foi o levantamento bibliográfico e a observação semanal da atuação do enfermeiro no Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero (PCCU), no período de 24 de abril a 15 de maio de 2013. Entre as práticas observadas, no diálogo com cada paciente foi perceptível o comportamento atencioso e a avaliação do bem estar em geral, não apenas com foco no colo uterino. Outro ponto interessante foi o aumento do número de pacientes na realização do exame. Na primeira semana ocorreram 10 coletas, aumentando para 15 na última semana. Este aumento foi reflexo da participação das pacientes nas rodas de conversas sobre a importância do exame, mediada pelo enfermeiro, sendo prática inédita na UBS. Neste sentido, as observações relatadas serviram para concretizar a ideia de que o enfermeiro possui atuação transformadora. O mesmo atua em seu primeiro emprego, a qual adquiriu tal concepção na sua formação e consequentemente na prática. De acordo com Pereira (2010), a concepção transformadora, é aplicada tanto nas práticas de saúde como na formação daqueles que neste setor irão atuar e tem sido motivo de elaboração e implementação de políticas públicas. Portanto, a concepção transformadora mostrou-se indispensável na prática do enfermeiro, a qual consegue construir vínculo e confiança com o paciente e esta construção deve ser inserida no cotidiano de toda equipe de saúde.