Introdução: Os cuidados primários de Enfermagem repercutem nos desfechos de saúde e na longitudinalidade do cuidado de pessoas transfemininas. Objetivo: Analisar as evidências científicas nacionais e internacionais sobre os cuidados primários de Enfermagem para pessoas transfemininas. Método: Revisão integrativa, sem recorte temporal, com pergunta condutora “Quais os cuidados primários de Enfermagem para pessoas transfemininas?”. Em agosto de 2022, foi feito um levantamento na “Web of Science”, “Public Medline”, “Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature, “EMBASE”, “Literatura Latinoamericana e do Caribe em Ciências da Saúde” e “American Psychological Association Base”, com descritores controlados e não controlados, combinados pelos operadores booleanos “OR” e “AND”. Foram incluídos artigos originais e completos, publicados em português, inglês ou espanhol. Títulos, resumos e palavras-chave dos estudos foram lidos por um par de pesquisadores pelo aplicativo Rayyan QCRI, e os que responderam a pergunta condutora foram considerados elegíveis. A elegibilidade confirmou-se após a leitura na íntegra e um terceiro colaborador estabeleceu consenso em caso de discordâncias. A abordagem da Agency for Healthcare Research and Quality serviu para avaliar o Nível de Evidência. A amostra final foi submetida à Análise Temática. O fluxograma do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses foi produzido para apresentar o rigor metodológico e os resultados. Resultados/Discussão: Foram selecionados oito estudos, publicados entre 1997 e 2022, de abordagem qualitativa e quantitativa, agrupados por autoria e ano de publicação, título, objetivo, delineamento da pesquisa e nível de evidência. Surgiram duas categorias temáticas: 1) Desenvolver e manter a competência para os cuidados primários de pessoas transfemininas; e 2) O papel e as atividades da enfermagem nos cuidados primários à saúde de pessoas transfemininas. Considerações finais: As heterogêneas atribuições da Enfermagem nos cuidados primários à saúde de pessoas transfemininas reproduzem concepções cisnormativas e da hegemonia do modelo assistencial biomédico, distante dos atributos essenciais e derivados da atenção primária à saúde. As Enfermeiras de Práticas Avançadas demonstram um empoderamento para a hormonização que pode contribuir para práticas avançadas brasileiras e a reflexão crítica sobre os preceitos éticos e relações de poder que limitam o escopo de prática no país.