Anais - 25º CBCENF
Resumo
Título:
As remanescência do manicômio na assistência à saúde
Relatoria:
YURE RODRIGUES SILVA
Autores:
- Jomara dos Santos Evangelista
- Marcos Rodrigo Oliveira
Modalidade:
Pôster
Área:
Dimensão ético política nas práticas profissionais
Tipo:
Pesquisa
Resumo:
A assistência à saúde mental no Brasil, por muito tempo, adotou como premissa de cuidado o isolamento social e a institucionalização. As mudanças propostas pelo movimento de Reforma Psiquiátrica visaram romper com o modelo assistencial vigente introduzindo um novo olhar as pessoas que vivem com transtornos mentais e comportamentais pautado na reinserção social e na humanização das práticas assistenciais. Porém, apesar das conquistas do movimento, romper com ideologias hegemônicas que pregam aversão aquilo que foge a um padrão ainda se mostra uma tarefa difícil. Dessa forma, objetivamos refletir acerca da permanência da lógica manicomial como base para a assistência em saúde. O presente estudo consiste em um ensaio teórico e analítico, que tem como base a exposição lógico-reflexiva apoiada na argumentação de ordem interpretativa pessoal. A discussão foi amparada em uma revisão de literatura acerca dos avanços e desafios da Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPB) publicados em artigos científicos de 2001 à julho/2023. Os dados demonstram que a implementação do cuidado em liberdade como premissa assistencial em saúde mental encontrou inúmeros desafios, inclusive por parte dos usuários e profissionais de saúde, devido à ideia do lugar do louco enraizada na sociedade. Com o passar do tempo e a queda dos muros físicos das instituições, os portões ideológicos do manicômio continuam de pé impedindo a oferta de um cuidado integral aos usuários da Rede de Atenção Psicossocial. Ainda insistem em enxergar nos serviços especializados em saúde mental o único lugar de atendimento aos usuários que vivem com transtornos mentais e comportamentais, mesmo que sua demanda atual não se relacione às demandas psicossociais. Por fim, reconhecemos que a assistência à saúde de pessoas que vivem com transtornos mentais e comportamentais ainda é permeada pelo preconceito e segregação. Desse modo, entendemos que é preciso traçar estratégias de luta contra a lógica manicomial a partir do reconhecimento de suas formas de resistência.