INTRODUÇÃO: O tratamento exitoso das infecções osteoarticulares pós-operatórias consiste em um dos grandes desafios para o traumatologista e o infectologista. Limpeza cirúrgica e uso de antibioticoterapia efetiva pelo tempo adequado consistem na base do sucesso terapêutico. Sabemos que as culturas de fragmento ósseo e de tecido, colhidos na limpeza cirúrgica, são as formas mais adequadas para a identificação do agente causador da infecção. Contudo, em muitas ocasiões não é possível o isolamento do microorganismo, mesmo procedendo esta coleta de maneira indicada. Assim, o conhecimento do perfil de sensibilidade das bactérias isoladas no serviço, através de uma série histórica, é especialmente útil para a elaboração de um protocolo de tratamento empírico, que ajudará na escolha mais adequada do antimicrobiano. OBJETIVO: O presente estudo tem como objetivo avaliar o perfil microbiológico de infecções pós-operatórias, associadas à traumatologia em um hospital de nível terciário do Ceará. METODOLOGIA: O método utilizado baseia-se na análise do perfil de sensibilidade das bactérias isoladas em coleta de tecidos e fragmentos ósseos, do período de Janeiro de 2020 a Junho de 2021, a partir de limpeza cirúrgica de pacientes com infecção osteo-articular pós-cirúrgica. RESULTADOS: Ao todo, foram analisadas 533 culturas de tecidos e fragmentos ósseos. O agente isolado mais incidente, presente em 108 amostras, foi Staphylococcus aureus (20%). Seguindo a ordem, o grupo das Pseudomonas (16%) foi identificado em 82 culturas microbiológicas. O grupo Enterobacter (13%) ocorreu em 66 amostras. Acinetobacter baumannii (10%) estava presente em 55 amostras. A “superbactéria” Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase (9%) ocupa o quinto lugar como a mais incidente, sendo isolada em 47 pacientes. Por fim, temos a seguinte ordem de incidência: Proteus mirabilis (6%) em 33 amostras; Escherichia coli (6%) em 32 amostras; Enterococcus faecalis (3%) em 18 amostras; Staphylococcus Coagulase negativa (3%) em 17 amostras; Serratia marcescens (2%) em 11 amostras; Providencia stuartii (2%) em 8 amostras; Outros (10%) em 56 amostras. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Conclui-se, portanto, a importância da análise do perfil de sensibilidade feito pela equipe de Enfermagem do Serviço de Controle de infecção Hospitalar (SCIH) para delinear o perfil microbiológico das culturas do hospital, facilitando a criação de protocolos atualizados que elevam as chances de sucesso terapêutico nas infecções osteoarticulares.