Objetivo: Analisar as atitudes do autocuidado na prevenção do pé diabético na Atenção primária e a existência de associação com suas características sociodemográficas, clínicas e sociais. Método: Estudo transversal, realizado com 982 pessoas com Diabetes Mellitus tipo 1 e tipo 2 cadastradas em unidades da Atenção Primária. As atitudes psicológicas foram medidas por meio do instrumento Diabetes Attitudes Questionnaire- ATT-19 e o autocuidado foi medido pelo Questionário de Atividades de Autocuidado com o Diabetes- QAD e sua associação com as características sociodemográficas, clínicas e sociais foi avaliada pelo teste de normalidade Shapiro-Wilk e Mann Whitney (nível de significância igual a 5%). Resultados: A maioria dos participantes era mulher (64,5%), na faixa etária de 40 a 59 anos (36,0%), casada (61,2%), ensino fundamental incompleto (61,1%), aposentada (38,5%) e com renda familiar de dois ou mais salários mínimos (53,2%). Constatou-se que homens e pessoas com mais escolaridade realizaram mais atividades de autocuidado com os pés (p<0,001). No entanto, verificou-se que as pessoas com Diabetes Mellitus que receberam orientação de um profissional de saúde de como cuidar dos pés realizaram menos atividades de autocuidado dos pés do que aqueles que receberam esta orientação (p<0,001). Ter renda acima de 2 salários mínimos e escolaridade >= ensino fundamental interferiram positivamente nas as atitudes frente ao Diabetes Mellitus (p=0). Foram verificadas atitudes mais positivas frente ao diabetes pelos participantes do sexo masculino (p=0), divorciados (p=0,04), que apresentavam ensino fundamental ou mais (p=0,01), autônomos (p=0,02) e com renda de até 2 salários mínimos (p=0). Considerações finais: O presente estudo mostrou que as atitudes favoráveis frente ao Diabetes Mellitus estão relacionadas com melhor renda, maior escolaridade e com pessoas que não apresentam dificuldade em realizar o autocuidado dos pés. Em contrapartida, as orientações sobre o autocuidado dos pés e exame físico regular dos pés das pessoas com Diabetes Mellitus apresentaram influência negativa na realização de atividades de autocuidado. Quanto às implicações para a prática clínica, como para os enfermeiros que atuam no nível primário de saúde, sugere-se capacitação profissional e mais pesquisas sobre esta temática, na perspectiva de melhorar a adesão às atividades de autocuidado dos pés e as atitudes das pessoas com Diabetes Mellitus frente a esta condição.