Introdução: Identificada como uma doença infecciosa febril aguda transmitida por carrapatos, a febre maculosa é caracterizada por sua sazonalidade e por apresentar sintomatologia variável e inespecífica. Outrossim, em decorrência da ação antrópica em consonância com as mudanças climáticas, a febre maculosa, deixou de ser uma doença limitada a zona rural e passou a adentrar, também, a região urbana e periurbana. Objetivo: Analisar a taxa de mortalidade por febre maculosa nos diferentes estados e regiões do Brasil entre os anos de 2007 e 2021. Método: Estudo de base populacional, ecológico e de série temporal. Os dados de mortalidade foram coletados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). As estimativas populacionais do Brasil e região e a base cartográfica, foram obtidas através do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As variáveis analisadas foram: sexo, idade, raça, região e local de ocorrência. As tendências temporais nas taxas de mortalidade por febre maculosa foram analisadas por meio de regressão linear segmentada usando o Joinpoint Regression Program, com base no cálculo das variações percentuais anuais (APCs), calculadas para cada segmento, e das variações percentuais anuais médias (AAPCs) para todo o período em que houve mais de uma inflexão significativa em um período de estudo e aplicação do teste de permutação de Monte Carlo para obter a significância estatística e escolha do melhor modelo. Resultados: No período em estudo foram notificados no Brasil 457 mortes, sendo 360 (78,77%) do sexo masculino, 291 (63,68%) da cor branca, 445 (97,37%) na região Sudeste e 291 (63,68%) na faixa etária de 20-59 anos. A maioria dos óbitos, 416 (91,03%), ocorreu no hospital. Foi identificada uma tendência crescente (AAPC=10.49; p=0.002) com a maior taxa de mortalidade por febre maculosa no ano de 2021. Além disso, na região Sudeste foi detectada a maior taxa de mortalidade. Conclusão: A crescente ocorrência de casos e óbitos da febre maculosa no Brasil demanda ações preventivas, associadas a implementações de políticas públicas, para a melhoria dos diagnósticos precoces, oferta do tratamento em tempo oportuno, objetivando assim reduzir a disseminação da doença e, consequentemente, reduzir a mortalidade.