Introdução: As necessidades de pessoas com autismo e suas famílias são múltiplas, incorrendo em questões relacionadas à saúde, educação e assistência social. Todavia, essa parte da população têm maiores taxas de necessidades negligenciadas em relação aos neurotípicos, carecendo que suas necessidades sejam (re)conhecidas pelos gestores da saúde e educação a fim de melhor direcionamento das ações ofertadas. Objetivo: Apreender as necessidades cotidianas de educação e de saúde de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista, bem como de suas famílias durante a pandemia da COVID-19. Métodos: Estudo qualitativo realizado entre dezembro/2020 e junho/2021 com familiares de crianças/adolescentes com autismo de uma capital nordestina. A coleta de dados ocorreu de forma virtual com o uso das técnicas de Photovoice e formulário "See, Happening, Our lives, Why, Educate e Do" (SHOWED). Cada família, teve 12 dias corridos para registrar até dez fotografias do seu cotidiano, sendo metade para o tema de educação e a outra para saúde. A análise das imagens se deu por Análise de conteúdo (foco, distância e localização). Resultados: As participantes foram sete mães e uma avó, com idades entre 28 e 47 anos. Dentre as crianças/adolescentes, sete eram do sexo masculino e uma do feminino, entre cinco e 16 anos. Ao todo, foram enviadas 52 fotos, 34 (65%) para o tema de "Manejo da saúde e qualidade de vida", e 18 (35%) sobre "Aspectos educacionais". Apenas três participantes enviaram a totalidade das fotos solicitadas, o que pode indicar uma possível redução dessas atividades nesse período por interferência da pandemia. Quanto ao foco, identificaram-se quatro subcategorias nas fotos sobre saúde - Atividades de vida diária; Lazer e hobbies; Atendimento multiprofissional; e Manejo da crise sensorial. Quanto à localização, 45 (86,5%) fotos foram realizadas em casa, provavelmente por terem sido realizadas durante o isolamento social. Quanto à distância, as fotos foram tiradas pelas participantes que, em sua maioria, se encontravam próximas das crianças/adolescentes. Em algumas delas estavam presentes mães e irmãos, todavia, nenhum pai foi registrado, mesmo seis deles residindo com as crianças/adolescentes. Considerações finais: A pandemia influenciou o cotidiano educacional e de saúde das crianças/adolescentes com autismo. As atividades foram restringidas ao ambiente domiciliar sob a supervisão das cuidadoras principais, pressupondo menor apoio dos pais nesse processo.