INTRODUÇÃO: Segundo Valença e Germano (2010), apesar de existir um entendimento geral acerca da importância da identificação precocemente dos sintomas depressivos nas mulheres, a assistência de enfermagem encontra-se com grandes lacunas devido a inexperiência e desconhecimento acerca do assunto. Em um estudo descritivo realizado em três estados nordestinos, observou-se que o país sofre com uma considerável inequidade de cobertura e acessibilidade em saúde mental, tendo como obstáculos as barreiras estruturais, culturais e organizacionais, a grave fragilização institucional que o Brasil enfrenta desde 2016, e a precariedade da rede de serviços e de pessoal no SUS (DIMENSTEIN, et al., 2021). OBJETIVOS: Objetivou-se compreender a assistência prestada pelos enfermeiros da Estratégia Saúde da Família (ESF), na identificação de transtornos mentais durante e após a gestação, diante da carência de ferramentas e protocolos. MÉTODO: Trata-se de um estudo descritivo exploratório com abordagem qualitativa. A pesquisa foi realizada no município de Campina Grande, Paraíba, Brasil, em 10 Unidades Básicas de Saúde (UBS), com 10 enfermeiros que compõem a equipe de saúde da família. Os dados referentes a pesquisa foram analisados através da Análise de Conteúdo Temático de Bardin. RESULTADOS E DISCURSSÃO: Após as transcrições das respostas e leitura exaustiva das entrevistas, foram elencadas duas categorias temáticas e cinco subcategorias. Categoria 1 – fragilidades da assistência psicoemocional, com as subcategorias: compreensão e abordagem dos transtornos mentais na assistência de enfermagem; ausência de protocolo e ferramentas focados no suporte psicoemocional; Categoria 2 – empecilhos para o manejo adequado dos transtornos mentais na atenção básica, com as subcategorias: má articulação da rede; deficiência da educação permanente; extinção do NASF. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Notou-se que os profissionais de enfermagem da atenção básica apresentam inúmeras dificuldades na promoção de saúde mental para a gestantes e puérperas. As barreiras apontadas na dinâmica observada residem basicamente na falta de conhecimento, experiência, protocolo, ferramentas, e na má articulação da rede de atenção psicossocial, provocam atrasos na detecção e encaminhamento da mulher com transtornos mentais, o que podem levar ao agravamento da condição clínica da mesma, ocasionando prejuízos para a mulher, para o filho, para a família e seu entorno.