INTRODUÇÃO: O abortamento espontâneo é definido como a interrupção involuntária de uma gestação antes da 20ª semana, constituindo riscos à integridade da saúde da mulher. Nesse contexto, destaca-se a importância de caracterizar as internações por aborto espontâneo, afim de que este conhecimento possa subsidiar o acolhimento de forma equânime e humanizada no âmbito do sistema de saúde. OBJETIVO: Descrever os casos de internação por aborto espontâneo na região Nordeste do Brasil, no período de 2018 a 2022. MÉTODO: Trata-se de um estudo descritivo exploratório, de carácter quantitativo. Os dados do estudo foram coletados no site do Departamento de Informática do SUS (DATASUS), do período entre 2018 e 2022. As variáveis utilizadas foram: raça/cor, idade, desfecho de saúde, carácter de atendimento, média de permanência e valor do serviço hospitalar, referente às Unidades Federativas do Nordeste. RESULTADOS: Foram registrados 167.265 internações por aborto espontâneo no Nordeste, no espaço temporal de 2018 a 2022, sendo 2018 o ano com o maior quantitativo de ocorrências desta morbidade, com 38.181 (22,8%) internações e 2022 o ano de menor número de casos com 28.331 (16,9%). A nível das Unidades Federativas, observou-se maior percentual de casos do aborto no estado da Bahia e o menor no estado do Alagoas, correspondendo a 28,8% (39.867) e 4,3% (47.133), respectivamente. Quanto ao carácter de atendimento, 162.273 (97%) eram de urgência e 4.722 (3%) eram eletivas. Além disso, constatou-se predominância de abortos em mulheres pardas, correspondendo a 91.559 (54,7%) internações, na variável idade, mulheres na faixa etária entre 20 a 24 anos, somavam 37.059 (22,1%) internações. Houveram 44 óbitos, sendo 2019 e 2020 os anos com maior percentual, correspondendo a 11 óbitos (25%) em cada ano. A média de permanência em dias de internação correspondeu a 1,6 dias. No que tange aos custos do serviço hospitalar, foi significativo, com um custo total de R$ 22.110.220,98 em internações por aborto espontâneo, liderando o ranking nas regiões do território brasileiro, no período estudado. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Observou-se um número significativo de abortos espontâneos na região Nordeste, reiterando a necessidade de uma atenção integral à saúde da mulher, afim de que sejam planejadas intervenções e implementadas políticas públicas de saúde com o intuito de proteger e minorar a incidência das internações por aborto espontâneo.