Introdução. Estima-se que globalmente ocorram cerca de 23 milhões de abortos por ano. Considerando as gestações reconhecidas, o risco de aborto espontâneo é de aproximadamente 15%. No Brasil, do total de internações por aborto na rede pública, aproximadamente metade corresponde aos abortos espontâneos, menos de 1% aos realizados por razões médicas e a outra parte (quase metade) figura os provocados por outras motivações. Objetivo. Reunir evidências sobre a percepção de profissionais de saúde de uma maternidade sobre o atendimento a mulheres internadas em situação de abortamento. Método. Estudo exploratório, descritivo com abordagem qualitativa, conduzido em uma maternidade pública de referência de risco habitual e alto risco, da gestão estadual, em Manaus, com dados coletados por entrevista, no período de julho a agosto de 2022, com 10 informantes-chave, identificados por meio da técnica snow-ball. Foi realizada entrevista semiestruturada e os conteúdos foram gravados e transcritos na íntegra. Foi utilizada a técnica de análise de conteúdo temática de Bardin. A ética em pesquisa foi observada em todas as fases do estudo (Plataforma Brasil, CAAE: 58997122.3.0000.5016). Resultados. Os participantes eram enfermeiras (2), psicólogas (2), assistentes sociais (3), médico (1) e técnicas de enfermagem (2). A idade variou de 26 e 57 anos e nove deles eram do sexo feminino. O tempo de profissão variou de 3-20 anos e de 3-18 anos para a atuação na maternidade onde o estudo foi realizado. Quanto à titulação, seis possuem especialização em obstetrícia e ginecologia (1), enfermagem obstétrica (2) e gestão (3). Sobre aspectos trabalhistas, 4 são estatutários, 4 prestadores de serviço (Cooperativa) e 2 possuem outra forma de contrato. Metade dos participantes tem outro vínculo empregatício e a jornada de trabalho foi de 40 horas para 3 participantes, de até 60 horas para 5 e até 80 horas para 2 participantes. A percepção dos profissionais gerou três categorias temáticas: “ambiente e cargas de trabalho”, “o cuidado à mulher em situação de abortamento” e “normatização e qualificação”. Considerações Finais. Para assistência integrada e humanizada é necessário a implementação de protocolos e normas, treinamentos e capacitação dos profissionais envolvidos no atendimento à mulher em situação de abortamento.