Anais - 25º CBCENF
Resumo
Título:
A busca pela manutenção da saúde de pessoas presas: a marginalização que antecede a prisão
Relatoria:
Marta Cossetin Costa
Autores:
- Maria de Fátima Mantovani2
- Fernanda Moura D’Almeida Miranda3
- Diego Emanuel Gracia Duarte
- María de los Ángeles Cañón Machado
Modalidade:
Pôster
Área:
Dimensão ético política nas práticas profissionais
Tipo:
Tese
Resumo:
Introdução: As condições de vida dos diferentes grupos populacionais influenciam nos resultados de sua saúde, logo, o padrão de manutenção de saúde e doença das pessoas presas difere da população geral e associa-se a fatores sociais, econômicos e comportamentais1,2. Objetivo: Apreender a busca pela manutenção da saúde prévia e na privação de liberdade nos relatos de pessoas privadas de liberdade de uma unidade prisional brasileira de uma região de tríplice fronteira. Metodologia: Trata-se de pesquisa qualitativa, descritiva, executada de fevereiro a julho de 2022, em uma unidade prisional brasileira de uma região de tríplice fronteira, cuja amostragem foi por conveniência, com todas as pessoas privadas de liberdade que aceitaram compor o estudo. Utilizou-se a análise temática com apoio do Software NVivo. Resultados: Foram 38 homens privados de liberdade com diagnóstico de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), cuja maioria tinha idades entre 30 e 44 anos (68,4%) e foi diagnosticado para HAS na unidade penal (60,5%). Em relação aos cuidados com sua saúde previamente a prisão 55,3% participantes relataram que não cuidavam de sua saúde e/ou cuidavam mal; 36,8% referiram uso de bebida alcoólica; 21,0% uso de drogas ilícitas e 21,0% fumo; 15,8% não realizavam atividade física, 13,1% relataram a ausência de cuidados com a sua dieta; 7,9% não utilizavam a medicação regularmente e atendimentos com profissionais de saúde e/ou exames. No contexto prisional, os participantes relataram que procuram realizar cuidados com a saúde física e mental, a partir de ações, como: a tomada das medicações conforme indicado; os cuidados com a dieta; as atividades físicas; os atendimentos com os profissionais de saúde; o estímulo da ingesta de água; a restrição de alimentos com muito sal; sono adequado; o controle do estresse e da ansiedade; e leituras. Foram relatados como elementos que dificultam a manutenção da saúde na prisão: a dieta rica em carboidratos e pobre em fibras; as condições estruturais (espaço e ventilação limitados) da unidade penal; a ociosidade; a convivência com as demais pessoas presas; a demora, ausência de atendimento de saúde e falta de autonomia para busca do serviço; e a distância dos familiares. Considerações finais: Previamente a prisão as PPL não possuíam cuidados saúde, condições socioeconômicas e culturais mínimas, o que parece perdurar na prisão, e, inclusive, seu adoecimento pode ser asseverado pela superlotação, insalubridade e violência.