INTRODUÇÃO: A Atenção Primária à Saúde é constituída não somente pelas Unidades Básicas de Saúde e Equipes de Saúde da Família, mas também pela equipe Consultório na Rua, estratégia do SUS, lançada em 2011, que compõe a Política Nacional de Atenção Básica e atende população em situação de rua. Contudo, ainda é uma estratégia pouco explorada e efetivamente implementada, sobretudo, no monitoramento às doenças infectocontagiosas, em destaque, a hanseníase. O ambiente desprotegido em que a rua oferta como abrigo causa nesses indivíduos a perda da cidadania, identidade e dignidade, mas também numerosos agravos e danos à saúde. OBJETIVO: Refletir como a estratégia de Consultório na Rua pode viabilizar o diagnóstico precoce de hanseníase em pessoas em situação de rua. MÉTODO: Trata-se de um estudo reflexivo, tendo por base a Política Nacional de Atenção Básica, bem como textos científicos que abordam sobre a temática de ofertas de atenção à saúde às pessoas em situação de rua, como foco na hanseníase. RESULTADOS E DISCUSSÃO: O conceito jurídico estabelece quatro condições para a definição de uma pessoa em situação de rua: pobreza extrema; vínculos familiares interrompidos ou fragilizados; inexistência de moradia convencional regular; e utilização dos logradouros públicos e áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento. Certamente, quando esses espaços citados são usados como habitação, suscitam a inserção deste grupo a um ambiente potencialmente insalubre, com exposição frequente a doenças infectocontagiosas que possuem sequelas graves, como as incapacidades físicas da hanseníase. A equipe Consultório na Rua busca garantir o atendimento conforme os princípios da universalidade, equidade e integralidade no cenário de Atenção Primária à saúde do Sistema Único de Saúde, ao estabelecer diretrizes para além da prática curativa, mas também possibilitar o acesso aos serviços de saúde, através consultas para avaliação dermatoneurológica e classificação de grau de incapacidade física em hanseníase, assistência farmacêutica, dentre outras ações que podem ser demandadas por pessoas mal alojadas acometidas pela hanseníase. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O acolhimento desse grupo vulnerável por meio da equipe Consultório na Rua é um direito inegável e uma política pública essencial que deve ser provocada, sobretudo, no planejamento de ações de combate à hanseníase com o diagnóstico precoce da doença a fim de promover a quebra da cadeia de transmissão com o tratamento.