Introdução: as residências multiprofissionais foram são uma modalidade de ensino de pós-graduação lato sensu criadas com o objetivo de qualificar profissionais de diversas categorias para atuarem de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde. Tem como princípio básico a prática multiprofissional e interdisciplinar para que sejam desenvolvidas competências sociais, políticas, técnicas e humanas para aplicá-las na perspectiva da promoção da saúde. No contexto da APS, a prática dos enfermeiros apresenta-se como um instrumento de mudanças nas práticas de saúde no SUS, respondendo a proposta do novo modelo assistencial não centrado apenas na clínica e na cura, mas, sobretudo, na integralidade do cuidado, na intervenção frente aos fatores de risco, na prevenção de doenças e na promoção da saúde e da qualidade de vida. Objetivo: descrever as potencialidades e desafios do Programa de Residência Multiprofissional para a formação de enfermeiras atuantes na Atenção Primária. Metodologia: relato de experiência vivenciado por enfermeiras residentes no período de março a julho no primeiro ano de residência do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Resultados: o programa proporcionou momentos multiprofissionais que possibilitou as enfermeiras residentes adquirirem conhecimentos e articularem ações interprofissionais imprescindíveis para a atenção integral à saúde da população, com ênfase na educação em saúde. No tocante ao desenvolvimento da multidisciplinaridade e interprofissionalidade a frágil participação dos profissionais das equipes da ESF nas atividades executadas pelos residentes foi um fator desafiante. Há que se ressaltar que o processo de formação dos profissionais da saúde ainda é pautado no modelo biomédico tradicional, predominantemente clínico, medicalizante e centrado em procedimentos, explicando o entrave que a residência encontra no campo de atuação. Considerações finais: conclui-se que embora fatores limitantes como a baixa adesão das equipes nas atividades propostas tenham atuado como fatores dificultadores à mudança do modelo de assistência à saúde, as enfermeiras, juntamente com a equipe multidisciplinar, atuaram como articuladoras de estratégias inovadoras na atenção e gestão, transpondo a lógica da fragmentação do acesso, dos saberes e fazeres, indispensáveis para as mudanças que visam à consolidação do SUS.