Introdução: A pandemia da COVID-19 decretada pela Organização Mundial da Saúde, em março de 2020 sobrecarregou os serviços de saúde de todo o mundo, impactando diretamente no controle de outros agravos à saúde como as Infecções Sexualmente Transmissíveis. Com destaque para a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), que continua sendo um problema de saúde pública mundial. Objetivo: Analisar a associação dos fatores sociodemográficos com a infecção pelo HIV entre adultos atendidos em um Centro de Testagem durante a pandemia de COVID-19. Métodos: Estudo transversal, com abordagem quantitativa, realizado com dados coletados a partir dos prontuários dos usuários de um Centro de Testagem e Aconselhamento no nordeste do Brasil, atendidos no período de janeiro a dezembro de 2020. Foram selecionadas para investigação variáveis, como sexo, idade, estado civil, raça, escolaridade, ocupação e procedência. Foram excluídas fichas com dados incompletos, sem resultado do exame laboratorial para HIV ou com resultado inconclusivo. Os dados foram analisados utilizando o software SPSS 22.0. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal do Maranhão, parecer nº 5.978.050. Resultados: Foram analisadas 869 fichas de atendimento. A infecção pelo vírus HIV foi presente em 8,2% dos casos. Dentre os pacientes que testaram positivo para o vírus HIV, a maior parcela eram pessoas do sexo masculino (77,7%), com idade menor ou igual a 35 anos (61,1%), autodeclarados pretos ou pardos (83,4%), com escolaridade superior a 8 anos de estudo (59,8%), solteiros (82,0%), possuíam alguma ocupação (63,9%) e residiam em áreas urbanas (95,8%). Observou-se que pacientes casados (p<0,004; RC=0,41, IC=0,22-0,76) e procedentes da zona rural (p<0,03; RC=0,26, IC=0,07-0,99) possuem menores chances de serem infectados pelo vírus HIV. Considerações finais: Evidenciou-se que o isolamento social recomendado pelas autoridades de saúde durante a pandemia da COVID-19, pode ter contribuído para a redução da procura e acesso aos serviços de testagem pelas pessoas casadas e procedentes de zonas rurais. Tais achados podem contribuir para elaboração e implementação de medidas mais efetivas para prevenção e controle da infecção pelo HIV, direcionando as ações para os grupos mais vulneráveis.