Introdução: O Brasil segue sendo, consecutivamente, o país com a maior taxa de morbimortalidade de travestis e mulheres trans por violências interpessoais no mundo. Tal cenário de violações pode causar respostas psíquicas negativas com desfechos desfavoráveis como a presença de violências autoprovocadas. Objetivo: Analisar a prevalência das violências interpessoais e os fatores associados à violência autoprovocada em um conjunto de travestis e mulheres transexuais do Rio de Janeiro e Região Metropolitana. Metodologia: Estudo transversal quantitativo realizado no INI/FIOCRUZ, entre 07/2019 e 03/2020 com uma amostra de 139 participantes. As variáveis de interesse deste trabalho foram ideação suicida, tentativa de suicídio, autoabuso e violência autoprovocada. Foram realizadas análises univariadas (IC95%), bivariadas (OR) por modelos de regressão e análises múltiplas através de regressão logística. Resultados: A prevalência da ideação suicida entre elas foi de 29%, as tentativas de suicídio ocorreram em 9% das participantes e 7% delas apresentou comportamento autoabusivo. De maneira agrupada, 30% sofreram violência autoprovocada. Evidenciou-se que o status autorreferido de HIV positivo possui relação tanto com a ideação suicida (OR=2,38) quanto com a iminência de uma violência autoprovocada (OR=2,28), que o abuso emocional possui relação com a tentativa de suicídio (OR=9,00) e que a violência psicológica possui relação com o comportamento autoabusivo (OR=11,64). Conclusão: Percebe-se que tanto fatores fisiopatológicos quanto fatores psicoemocionais impactam na violência autoprovocada. E, neste escopo, a Enfermagem assume protagonismo, a partir do seu objeto de trabalho, um cuidado singular, integral, equânime e ampliado.