Introdução: as redes sociais podem ser caracterizadas por relações interpessoais que determinam as características das pessoas como hábitos, costumes, crenças e valores. Tais redes podem ter uma impacto positivo na vida de uma pessoa - chamada de rede de apoio - ou negativo, no caso das redes conflituosas. O enfraquecimento dos vínculos com os membros da rede social pode contribuir para o aumento e manutenção das pessoas em situação de rua. Objetivo: analisar a estrutura da rede social de pessoas em situação de rua frente às demandas de apoio e cuidado à saúde. Metodologia: estudo descritivo, de abordagem qualitativa, com utilização do referencial teórico-metodológico de rede social proposto por Sanicola. Os participantes foram 20 pessoas em situação de rua que vivem na região central do município do Rio de Janeiro, que foram entrevistadas mediante um formulário semi estruturado. Durante a entrevista gravada foi elaborado o mapa da rede social do participante. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Escola de Enfermagem Anna Nery, sob o Parecer número 5.574.015. Para a análise dos mapas de rede social, utilizou-se o referencial de Sanicola e para a análise dos depoimentos a técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin. Resultados: a maioria dos participantes foi do sexo masculino, os principais motivos para viverem nas ruas foram a ocorrência de conflitos familiares, desemprego e uso abusivo de álcool e outras drogas. A rede social foi composta por amigos, colegas e profissionais de instituições de saúde, assistência social e de Organizações não governamentais; dos quais recebem apoio material e/ou emocional. Conclusão: na estrutura do mapa da rede social dos participantes verificou-se a fragilidade nos vínculos familiares com a rede social primária. O suporte oferecido pelos membros das instituições, caracterizadas pela rede secundária, principalmente pela equipe de Consultório na Rua, foi benéfico para o enfrentamento dos problemas de saúde. Assim, a abordagem da rede social possibilita ao profissional da atenção primária, em especial ao enfermeiro, a compreensão do contexto em que a pessoa em situação de rua vive e a implementação de ações eficazes para o fortalecimento dos vínculos, garantia do autocuidado em saúde e a melhoria da qualidade de vida desta população.