INTRODUÇÃO: O trabalho policial configura-se como a segunda ocupação mais estressora no âmbito dos transtornos mentais, sobretudo, dos policiais penais. A atividade laboral destes é marcada pela sobrecarga de trabalho no sistema prisional, políticas frágeis de saúde e segurança, carência no cuidado à saúde mental e de valorização profissional pela sociedade e gestão. Tal contexto ocasiona agravos à saúde psíquica, familiar e social, podendo inclusive culminar no pior dos desfechos - o suicídio. OBJETIVO: Analisar o risco de suicídio de policiais penais por meio da Escala Multi-Atitudinal de Tendência ao Suicídio – EMTAS. MÉTODO: Trata-se de um estudo transversal, quantitativo, realizado de junho a agosto de 2022 com 344 policiais penais de unidades prisionais das macrorregiões do Ceará que estavam em serviço no período da coleta. Utilizou-se a EMTAS para coleta de dados de modo que após a aceitação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) os policiais foram encaminhados para um local reservado nas unidades prisionais para preenchimento do instrumento. A escala utilizada avalia quatro fatores: Atração para a Vida, Repulsão para a Vida, Atração para a Morte e Repulsão pela Morte. As respostas são de cinco pontos, variando de 1 = Discordo totalmente a 5 = Concordo totalmente. No presente estudo utilizou-se a versão validada em português adaptada com 20 questões aplicada por profissionais vinculados a Universidade Federal Ceará (UFC) previamente treinados. Os dados foram analisados pelo Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) V.23.0. Os preceitos éticos foram resguardados seguindo a resolução 466/12, conforme parecer 3.921.161. RESULTADOS: Os dados revelam que para atração à morte, houve uma pontuação de 1,88 na escala; repulsão à morte 2,26; atração pela vida 4,18 e repulsão pela vida de 1,57. Assim, a maioria possuía repulsão pela morte e atração em relação à vida, o que configura a pouca tendência ao suicídio dessa população. No entanto, dados sobre o pensamento em atentar contra a vida, 73 (21,3%) policiais afirmaram já terem tido esse pensamento, e nove (2,6%) deles revelaram realmente já terem atentado contra a própria vida. CONCLUSÃO: Embora a tendência ao risco de suicídio apresente pouca representatividade entre os policiais penais da amostra, as razões para o suicídio são complexas e multifatoriais, e identificar previamente mediante ações em saúde eficazes de promoção e prevenção são fundamentais para sua prevenção.