Introdução: a interconsulta na Atenção Primária à Saúde (APS) se caracteriza como um dispositivo para apoiar na resolutividade dos casos e fortalecer um dos pilares do SUS: a integralidade. É por meio do contato próximo e troca de saberes entre médicos e enfermeiros da equipe de saúde da família (ESF) que o cuidado pode ser potencializado, uma vez que o trabalho em equipe, é uma ferramenta de baixa densidade tecnológica para a resolubilidade dos casos¹. Apesar disso, em termos práticos, identificam-se alguns entraves em sua operacionalização. Objetivo: implementar a interconsulta estruturada entre enfermeiros e médicos em uma UBS. Metodologia: Considerando os desafios e oportunidades de melhoria percebidos na condução da interconsulta, um grupo de profissionais de uma UBS do município de São Paulo elaborou uma proposta para qualificar a interconsulta, a partir do uso de ferramentas padronizadas e protocolos assistenciais. A multiplicação para a equipe foi realizada durante as reuniões técnicas da UBS, sendo desenvolvidas atividades de educação permanente, baseadas na metodologia ativa de ensino. Resultados: foi elaborado um documento com a descrição da interconsulta estruturada, focado na integralidade da assistência. Além disso, estabeleceu-se que a ferramenta SBAR seria utilizada enquanto técnica de comunicação entre os profissionais e recomendou-se o uso de protocolos institucionais, municipais e outros instrumentos (como o PACK-Brasil, Manual de intervenção do Mhgap, Cartão Babel). Observou-se que a interconsulta estruturada potencializou o aprendizado conjunto além de possibilitar a identificação de lacunas de conhecimento, que vêm sendo abordadas em espaços de educação permanente na unidade. Ademais, destaca-se que esta proposta tem impulsionado a autonomia dos enfermeiros no manejo dos casos atendidos, ampliando a resolubilidade dos casos, de acordo com as necessidades em saúde apresentadas pelos usuários. Considerações finais: A implementação da interconsulta estruturada tem sido uma importante estratégia para o aprimoramento da organização e alinhamento do processo de atendimento entre médicos e enfermeiros. Por meio desse modelo, notou-se o fortalecimento do acesso e da integralidade do cuidado prestado aos usuários. A comunicação e a troca de informações entre os profissionais resultaram em maior compreensão dos casos clínicos,permitindo abordagens mais abrangentes e efetivas para o tratamento das condições de saúde.