Introdução: O período neonatal, primeiros vinte e oito dias de vida, é a fase mais susceptível ao óbito, porque há envolvido uma cadeia complexa de determinantes biológicos, socioeconômicos além daqueles relacionados à atenção à saúde materna. Objetivo: relatar a experiência vivenciada na realização de círculo de cultura para construção de um guia para o manejo do óbito neonatal. Método: trata-se de um relato de experiência sobre a vivência em realizar círculo de cultura, a partir do itinerário de Paulo Freire, ocorrido em três fases (investigação temática, codificação e descodificação, desvelamento crítico) com os profissionais de saúde envolvidos na assistência ao recém-nascido internado em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, de uma maternidade pública na cidade de Manaus, como etapa para construção de um guia para o manejo do óbito neonatal. Resultados: sentimentos como medo, solidão, impotência humana, perda, despedida foram relatados pelos profissionais quando questionados sobre a representação do óbito neonatal. A partir dos temas geradores levantados pelo grupo pôde-se elencar fragilidades no manejo: o medo da reação dos pais com a notícia do óbito, observação da solidão materna, falta de rede de apoio familiar, limite terapêutico, falta de diálogo sobre a perda, saída sem o bebê da maternidade. Como práticas a serem realizadas prioritariamente: ao dar informações que sejam claras e uniformes, com uso de linguagem apropriada, apoio à equipe multidisciplinar, sugerir a família colocar o recém-nascido no colo pós óbito, propor uma caixinha de lembranças, garantia da emissão de documentação adequada, construção de fluxo para manejo, capacitação da equipe, incentivo ao fortalecimento do vínculo das mães. Conclusão: O círculo de cultura mostrou-se uma ferramenta eficaz para entender as fragilidades no manejo do óbito neonatal, levando em consideração a participação da equipe multidisciplinar e da família nesse momento. Contribuições para a Enfermagem: A partir das experiências pode-se elucidar o processo de construção de um guia para o manejo do óbito neonatal condizente com o cenário de assistência neonatal.