Introdução: A Espinha Bífida (EB) é uma malformação congênita no desenvolvimento intrauterino causada por falha no fechamento dos arcos vertebrais, sendo a patologia mais comum que decorre dos defeitos no fechamento do Tubo Neural Embrionário (TNE), durante a 3° e 4° semana do embrião. A etiologia da EB é multifatorial, existem evidências de que a causa se dá pela falta de ácido fólico na dieta materna. Os defeitos no TNE podem causar alterações ósseas, as quais podem ser observadas, em ossadas a partir da antropologia forense, ciência que tem como foco a identificação do perfil biológico e de osteopatologias para garantir o processo de identificação humana. Esse processo tem por objetivo identificar e devolver às famílias pessoas desaparecidas que estão em alto grau de decomposição ou esqueletizadas. Objetivo: Identificar morfologicamente a existência da Espinha Bífida em uma coleção osteológica contemporânea. Método: Trata-se de um estudo descritivo, quantitativo e transversal, desenvolvido no Laboratório de Identificação Humana e Osteologia Forense do Centro Acadêmico de Vitória - UFPE. O estudo incluiu uma amostra de 77 ossadas que apresentavam vértebras e sacros íntegros, foram excluídas ossadas que apresentavam alto índice de desgaste, não possuíam dados de identificação ou informações incompletas. Os dados foram agrupados em tabelas no programa Excel versão 2019, para elaboração de percentuais referentes à região acometida pela EB e a relação entre os sexos. O trabalho encontra-se aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco (nº 35349220.8.0000.9227). Resultados: Foram selecionadas 77 ossadas, dessas, 18 (23,3%) apresentaram EB. Das ossadas com EB, 12 (66,6%) eram do sexo masculino e 6 (33,3%) eram do sexo feminino. Sendo 15 (83,3%) dos casos na região sacral, 4 (22,2 %) na região lombar e 1 (5,5%) na região torácica. Destaque para a ossada de número 200 que apresenta EB nas regiões, torácica, lombar e sacral simultaneamente. Conclusão: De acordo com os achados percebe-se uma elevada ocorrência da EB na coleção osteológica da UFPE, sendo maior a prevalência no sexo masculino. Assim, a observação de osteopatologias no processo de identificação humana, fornece informações valiosas que facilitam o reconhecimento de restos mortais, diminuindo assim o número de possíveis vítimas.