INTRODUÇÃO: A religiosidade vivenciada dentro dos terreiros de candomblé, umbanda e jurema são exemplo das diferentes manifestações populares mantidas pelas comunidades afro brasileiras e trazem consigo importantes contribuições para o cuidado em saúde. Ampliar essas discussões nos meios de formação profissional em especial na formação em enfermagem se configura como aliado no combate da intolerância religiosa e no fortalecimento das práticas populares em saúde. OBJETIVO: Relatar a experiência vivenciada por alunos do quinto período do Curso de Graduação em enfermagem em um terreiro de Jurema no interior do Rio Grande do Norte. METODOLOGIA: A vivencia fez parte do conteúdo programático da disciplina de saúde coletiva e se deu em dois momentos: O primeiro aconteceu dentro de sala através de uma aula expositiva e dialogada sobre a Política Nacional de Saúde da População Negra. O segundo momento aconteceu no terreiro de Jurema “Cruzeiro de Luz” na cidade de Assú/RN liderado pelo pai Judson com a presença de grande parte dos filhos de santo daquela casa. O momento contou com mística e com uma roda de conversa sobre religiosidade afro brasileira e sua estreita relação com o cuidado em saúde. RESULTADO E DISCUSSÃO: A imersão com pai Judson produziu nos discentes grandes afetações, uma vez que os mesmos nunca haviam vivenciado o diálogo com os saberes tradicionais, provocando importantes indagações e reflexões sobre a formação acadêmica e suas lacunas nessa relação dialógica e provocativa no campo do SUS e da enfermagem transcultural. Conversar sobre isso impulsionou a turma a refletir criticamente sobre os valores que perpassam nossa formação enquanto sujeitos, entendendo que as questões culturais relacionadas ao campo da espiritualidade também são produtores de cuidado e precisam ser considerados no mapa vivo dos territórios onde atuam, como elementos importantes de protagonismo. CONCLUSÃO: De modo amplo, vivenciar práticas de saúde que revelem outros signos de cuidado, proporciona uma abertura de mundo outro, e faz um desvelar para um cuidado em saúde produzido no cotidiano da população. É um giro epistemológico capaz de desconstruir barreiras ainda existentes na efetivação de boas práticas de enfermagem na perspectiva de um SUS cada vez mais equânime.