A Atenção Primária à Saúde caracteriza-se por ser a porta de entrada preferencial do usuário no Sistema Único de Saúde. Entende-se que o usuário busca o serviço por diferentes motivos e causas, sendo possuidor de múltiplas necessidades em saúde nos diferentes contextos históricos, econômicos e sociais. Dessa forma, torna-se imprescindível, conhecer o território onde os profissionais estão inseridos para ofertar os serviços de saúde, baseado nas necessidades da população. Objetiva-se relatar a experiência de profissionais residentes em atenção básica acerca do processo de territorialização em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no interior potiguar. Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, realizado no território em uma UBS no Seridó potiguar, durante março à maio de 2023, baseado na observação e vivência dos residentes das áreas de: enfermagem, odontologia, psicologia, nutrição e assistência social, além da utilização de roteiros de entrevistas, diagnóstico de saúde e sala de situação. A partir do processo de territorialização, observou-se fragilidades nos dados da população adscrita e de áreas descobertas. No território estudado observam-se limitações estruturais, tais como: dificuldade de acesso à água; saneamento básico; emprego e renda; serviços e equipamentos sociais; entre outros. Contudo, também é um bairro com histórias e culturas que precisam ser valorizadas para produção de saúde. Dessa forma, a reflexão sobre necessidades de saúde deve considerar a determinação social dos processos de adoecimento da população que vive nele, e não apenas práticas assistenciais voltadas para aquilo que os profissionais compreendem como necessidades de saúde dos usuários. O caminho percorrido para conhecer as necessidades de saúde do território, nos leva a considerar a historicidade, contradições, características sociodemográficas, pontos de alertas, diferentes visões acerca da assistência à saúde e potencialidades que carecem de ações intersetoriais para efetivar o direito à saúde da população. Também ocorre que territorializar é compreender, produzir e discutir dados e indicadores. Diante disso, percebe-se que há lacunas e fragilidades nos dados que versam sobre o referido território, sendo a atualização deles essencial para efetivar uma assistência à saúde que considere as reais necessidades para além das demandas biomédicas.