Introdução: No imaginário social, a maternidade é uma fase da vida atravessada por alegrias, começos e concepções relacionadas à vida. No entanto, existem intercorrências que podem se opor a essa ideia, como é o caso do óbito fetal. Esse evento ocorre mais frequentemente do que o esperado e revela uma dificuldade social de enfrentamento e elaboração desse tipo de luto. Nesse cenário, a equipe de saúde pode exercer suporte emocional à família, contribuindo para a validação de sentimentos que emergem neste contexto. A escassez de memórias impalpáveis representa outra dificuldade à experiência do luto gestacional. Assim, os registros fotográficos, reunir algumas lembranças, podem contribuir para que as famílias estabeleçam conexão positiva com seus bebês. Objetivos: Relatar a experiência da produção de recursos para auxílio na elaboração do luto gestacional através da fotografia e organização de lembranças do bebê e da família que vivencia o óbito fetal. Método: Trata-se de estudo qualitativo descritivo, do tipo relato de experiência sobre a importância de registros fotográficos no auxílio à elaboração do luto gestacional oportunizado pelo projeto de extensão “Retratando com Afeto” desenvolvido em um hospital universitário do Estado do Rio Grande. Resultados: O projeto de extensão tem como objetivos fortalecer as diretrizes da humanização e eternizar momentos vivenciados pelas usuárias do hospital. As pacientes que vivenciam uma perda gestacional e aceitam participar do projeto, autorizam o registro fotográfico, recebem uma caixinha de memórias contendo carimbo da placenta, mensagens da equipe, marcas dos pés e mãos do bebê, além das fotos digitais. Esses recursos auxiliam no processo de luto da família, abrindo espaço para expressão de sentimentos e um momento de despedida, validando a existência da criança através da posse de objetos que marcaram a passagem do bebê pela maternidade. Considerações finais: A elaboração do luto perinatal possui uma dinâmica singular, pois não foi oportunizada a construção de vínculos físicos e de recordações diárias, tornando a perda não plenamente reconhecida pela sociedade. Nessa situação, é interessante ofertar aos pais espaço para a expressão de sentimentos, onde possam assimilar e ressignificar o ocorrido. A fotografia e a caixinha de memórias aparecem como instrumentos terapêuticos que materializam a existência do bebê outrora imaginado, facilitando o fortalecimento de recursos pessoais de enfrentamento àquela vivência.