Introdução: Até o sexto mês, recomenda-se que a criança seja amamentada exclusivamente. Após recomenda-se a alimentação complementar. A prática alimentar inadequada neste período, particularmente nas populações menos favorecidas, está associada ao aumento da morbimortalidade. Objetivo: Analisar o tempo do aleitamento materno exclusivo de crianças de 6 a 23 meses em um município de fronteira da Amazônia Ocidental Brasileira. Método: Foi realizado um estudo transversal durante as campanhas nacionais de vacinação em 2016 e 2017 realizadas no município de Cruzeiro do Sul, no interior da Região Amazônica, fronteira com o Peru. Na metodologia foi aplicado o cálculo do tamanho da amostra por conglomerados, resultando no número de 856 crianças de seis a 23 meses. O instrumento de pesquisa foi baseado no questionário disponibilizado pela II Pesquisa de Prevalência do Aleitamento Materno do Ministério da Saúde. A coleta de dados foi realizada com mães ou acompanhantes que compareceram à Unidade Básica de Saúde no dia da campanha, ou antes e depois. Para análise foi utilizado o Stata 12. Foi aprovado pelo comitê de ética da Universidade Federal de São Paulo. Resultados. Foram realizadas 697 entrevistas. A média de idade das mães foi de 26,6 anos. A grande maioria tinha mais de 19 anos (87,6%), era casada ou morava com o companheiro (79,9%), (77,0%) eram do lar e 33,8% cursaram o Ensino Médio completo. Em relação à escolaridade do pai, 34,6% apresentavam a mesma escolaridade; a renda familiar, era de até um salário-mínimo (54,6%). A média de idade das crianças foi de 13,6 meses. A maioria tinha entre 12 e 23 meses de idade, era do sexo feminino e quase a totalidade nasceu com idade gestacional e peso adequados. Identificou-se que 90,0% haviam mamado na primeira hora de vida. A prevalência de AME foi 34,7%. A média de idade do desmame precoce foi de 2,5 meses. O uso da chupeta foi pouco frequente 32%, no entanto a mamadeira ou chuquinha foram utilizadas em mais de 74% delas. Considerações finais: O Aleitamento materno exclusivo em Cruzeiro do Sul foi relatado por 34,7% dos responsáveis pelas crianças. Há necessidade de implementar políticas públicas de saúde materno infantil para otimizar esse panorama com interação entre a gestão, serviço, família e sociedade.