Na Estratégia de Saúde da Família (ESF) a assistência aos portadores de feridas é uma prática comum, sendo também considerado um problema no âmbito da saúde pública no país, principalmente devido à escassez de materiais adequados para realização de curativos de acordo com a demanda da lesão apresentada pelo usuário. As feridas acometem grande parte da população brasileira, em especial os idosos, devido à presença de comorbidades e estilo de vida inadequado, independente do sexo, idade ou etnia, evidenciando um alto índice de pessoas com a integridade da pele prejudicada. Diante da prática de enfermagem no tratamento de feridas na ESF, foi possível evidenciar vários desafios para prescrição do tratamento e execução dos curativos, fatos esses que proporcionaram o desenvolvimento deste relato de experiência, que teve como objetivo descrever os desafios vivenciados pelo enfermeiro na prática do tratamento de feridas em uma Unidade de Saúde da Família (USF), enquanto profissional residente multiprofissional em saúde da família e comunidade, no município de João Pessoa – PB. Os atendimentos foram realizados no período de fevereiro a maio de 2023, abordando a problemática a partir de métodos práticos de cuidados/tratamento de feridas e pela observação de outros profissionais de enfermagem na realização de curativos e tratamento das lesões. Evidenciou-se a partir da prática que os problemas que interferem no tratamento de feridas e na cicatrização da pele, estão relacionados à insegurança alimentar e cuidados inadequados com a lesão no domicílio por parte dos usuários, a escassez de insumos para realização dos curativos pelos profissionais na USF. Além disso, o desconhecimento dos protocolos de cuidados com feridas por parte de alguns profissionais da assistência. Dessa forma, se faz necessário o estabelecimento de condutas terapêuticas eficazes, por meio de treinamentos específicos ao desenvolvimento de um trabalho interdisciplinar, educação continuada visando incorporar novos conhecimentos com base científica para o tratamento de feridas, estruturação das USF com recursos humanos capacitados e insumos necessários para prestar os cuidados adequados aos usuários, e criação de protocolos que orientem a prática assistencial ao cuidado de pessoas com feridas, visando à integralidade do cuidado em uma perspectiva interprofissional em saúde.