O Sistema Único de Saúde (SUS) é reconhecido como um dos maiores e melhores sistemas de saúde pública do mundo. Contudo, desde sua implantação, diversas lacunas na construção da política, somadas ao subfinanciamento, à descontinuação de políticas públicas importantes, entre outros fatores, vêm inviabilizando sua manutenção e a garantia de uma saúde universal, integral e de qualidade para a população, conferindo robustez ao movimento denominado Desmonte do SUS. Nesse sentido, a enfermagem assume papel crucial na defesa do SUS, uma vez que constitui a maior categoria atuante no sistema. Tem-se como objetivo deste estudo compreender os discursos de acadêmicos de enfermagem acerca da participação política em defesa do SUS. Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo e exploratório, vinculado ao projeto de iniciação científica denominado “Análise discursiva dos acadêmicos e profissionais de enfermagem sobre participação e consciência política no âmbito do SUS”. A coleta de dados ocorreu no período entre abril e maio de 2023, tendo como lócus uma universidade pública da Região Centro-Sul do Cariri, Ceará. Participaram 10 estudantes que atenderam a critérios de elegibilidade. Para a coleta de dados utilizou-se um roteiro de entrevista semi-estruturada. Os dados foram analisados pela técnica da categorização temática proposta por Minayo. A pesquisa obteve parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa sob o Nº 5.568.866. Quando indagados sobre a compreensão acerca do que seria política, as interpretações permearam desde um pensamento filosófico que organiza a vida em sociedade, a política partidária como uma forma de garantir a democracia e as representações políticas, até uma relação com as políticas públicas, desenvolvidas e implementadas pelas esferas do Estado com intuito de atender as demandas da população. Além disso, houve um consenso no que diz respeito à relevância da política para o viver em sociedade e para a manutenção e fortalecimento do Sistema Único de Saúde, apontando uma correlação direta da política às conquistas sociais. Contudo, embora os acadêmicos tenham consciência de que o engajamento político é crucial na luta pela continuidade do SUS, reconhecem que a participação política dos acadêmicos de enfermagem ainda se mostra tênue e incipiente. Nesse sentido, faz-se necessária uma formação política mais incisiva na enfermagem, de modo a solidificar o protagonismo dos acadêmicos nos movimentos sociais e sua militância na defesa do SUS.