Introdução: Historicamente, a população LGBTQIAPN+ sofre apagamentos em diversas esferas da sociedade e, em relação aos serviços de saúde, seu acesso torna-se limitado comparado a população cisheteronormativa. Essa limitação inicia-se durante a formação acadêmica, pois não há estímulos para realização de estudos voltados a essa população, perpetuando o despreparo profissional, a exclusão e o desconhecimento de demandas específicas durante o processo de saúde/doença. Uma das medidas de reparação no âmbito do SUS foi a instauração da Política Nacional de Saúde Integral LGBT (PNSILGBT), que reconhece a existência de efeitos perversos dos processos de discriminação, violências e exclusão sobre a saúde da população, visando sua superação, orienta-se para promoção da equidade em saúde. Objetivo: Analisar a abordagem de temas de saúde LGBTQIAPN+ na graduação de enfermagem. Metodologia: Trata-se de um trabalho qualitativo descritivo do tipo relato de experiência decorrente da vivência de estudantes do curso de enfermagem e no estudo do projeto pedagógico de curso da Universidade Federal de Rondonópolis. Resultados: Ao analisar as ementas das disciplinas ofertadas, constatou-se a ausência de conteúdos relacionados à saúde da população LGBTQIAPN+, divergindo da proposta exposta no PPC que apresenta como objetivo a formação de enfermeiros com competências e habilidades para atuar de forma reflexiva, crítica, ética, política e social nos diversos campos de inserção. A PNSILGBT tem como um dos objetivos específicos a qualificação da rede de serviços do SUS para a atenção e o cuidado integral à saúde da população LGBTQAPN+, tornando fundamental a abordagem da temática durante a formação de profissionais que prestarão serviço à esta população. Considerações finais: Após 12 anos da implementação da PNSILGBT, a vivência de uma graduação da área da saúde em uma instituição federal evidencia que ainda existe uma lacuna a ser preenchida para formação de profissionais preparados para atender as especificidades desta população. O foco do ensino ainda encontra-se direcionado aos aspectos gerais das políticas públicas, desenvolvendo ações de prevenção e promoção de saúde que contemplem apenas pessoas cisheteronormativas, contribuindo para a precarização da assistência prestada à população LGBTQIAPN+, uma vez que o vínculo entre esses indivíduos e os profissionais de saúde não é construído, mantendo-os afastados por não se sentirem acolhidos e contemplados pelo sistema de saúde.