Introdução: A insuficiência de recursos necessários ao tratamento de pacientes críticos ocasionou questionamentos difíceis aos trabalhadores da saúde, visto que, em diversos momentos, eram surpreendidos pela dúvida de como proceder em procedimentos, antes considerados corriqueiros na UTI, a exemplo da reanimação. Esses momentos resultavam em uma possível escolha de quem merecia viver ou não, o que estremecia o psicológico desses profissionais. Logo, o desenvolvimento da pandemia do covid-19, estimulou indagações quanto a ética ensinada aos profissionais durante seus anos de estudo. Objetivo: Identificar os conflitos vivenciados pelos técnicos de enfermagem durante o cuidado intensivo ao paciente covid-19. Método: A pesquisa retrata uma abordagem qualitativa do tipo descritiva. Participaram do estudo 25 técnicos de enfermagem que trabalharam na UTI covid-19, em um Hospital Universitário. As informações foram obtidas no período de agosto de 2022 a fevereiro de 2023, por meio de entrevistas guiada por roteiro. A pesquisa obedeceu aos critérios estabelecidos pela Resolução 466/12 que regulamenta os estudos envolvendo seres humanos, sendo aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa, com o perecer nº 5.482.113. Resultado: Ao passo que a pandemia avançava, o conflito gerado pelas decisões no desenvolver dos cuidados, também se fazia presente no ambiente da UTI. Dentre os relatos dos técnicos de enfermagem, se destaca: “[...] era comum em UTI a reanimação [...] teve uma fase que era proibido [...] o uso do ambu. [...]. E teve uma época que era bem difícil a decisão, creio...era da equipe inteira, porque o médico sempre assim comunicava, e sempre conversava com a equipe inteira e era difícil tomar a decisão de não usar, porque a gente não tinha pressão negativa[...]. Considerações finais: O ambiente de cuidados intensivos não estava preparado para enfrentar a catástrofe gerada pela pandemia do covid-19, devido à ausência de recursos na estrutura física e funcional, bem como insumos e recursos humanos qualificados. Este fato, impactou os profissionais de saúde a vivência de vários conflitos que foram decisórios para o ato do cuidado. Dessa maneira, ressalta-se a importância da verificação dos modelos de assistência hospitalar, a fim de que os profissionais possam encontrar um local propício para desempenharem a sua função e que a única tomada de decisão que precisem assumir seja o melhor método para desempenhar o cuidado.