As abelhas sem ferrão (ASF) podem ser encontradas em quase todo território latino-americano, ocupando grande parte das regiões de clima tropical. No mundo, são conhecidas cerca de 20.000 espécies de abelhas. O Brasil é rico em diversidade de abelhas, com mais de 300 espécies nativas catalogadas. Seus principais subprodutos são o mel, a própolis, a cera e o pólen. Os benefícios do mel para a saúde são conhecidos, mas os estudos publicados abordam o mel convencional, comumente encontrado no mercado, produzido por uma espécie de abelha exótica, a Apis mellifera. Este trabalho tratou especificamente do mel produzido por abelhas sem ferrão, suas peculiaridades e potencialidades no tratamento de feridas. Objetivos: Este estudo teve como objetivo, reunir os efeitos da aplicação do mel de ASF no tratamento de feridas e difundir, no meio científico, o conhecimento sobre as propriedades medicinais deste tipo de mel. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa que buscou na plataforma BVS, pesquisas sobre o mel de ASF, publicadas de 2018 a 2022, com os descritores “Mel”, “Abelhas” e “Ferimentos e Lesões”, acessíveis na plataforma DECS, e utilizando para cruzamento o booleano AND. Foram encontrados 17 trabalhos nas bases de dados LILACS e MEDLINE, que após uso dos critérios de inclusão e exclusão, resultou numa amostra de 5 artigos, em inglês e espanhol. Resultados: Foram evidenciadas algumas peculiaridades do mel de abelhas sem ferrão quando comparado ao mel convencional de Apis mellifera. Os estudos indicaram que o mel de ASF apresenta maior atividade antimicrobiana, possui propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e hidratantes relacionadas à cicatrização de feridas que devem ser aprofundadas e otimizadas. O mel de ASF possui maior teor de umidade, evitando a desidratação da ferida e, devido ao seu efeito osmótico, fornece fluido ao tecido da ferida de forma gradual, podendo proteger a pele da maceração. O tratamento de feridas com mel de ASF apresentou maior taxa de epitelização e um custo menor do que no tratamento com mel apícola. Conclusão: Historicamente, a aplicação de mel na ferida é utilizada desde a antiguidade, e atualmente há evidências fitoquímicas que apoiam o uso etnofarmacológico do mel de ASF no tratamento de feridas, pois ele contribui com o processo de cicatrização de lesões e se apresenta como potencial alternativa de tratamento, social e culturalmente acessível, economicamente viável e sustentável.