A busca ativa em possíveis doadores é uma atividade essencial das equipes de procura de órgãos e fundamental para o reconhecimento de pacientes em suspeita de morte encefálica, contribuindo no combate a escassez de órgãos para transplantes no Brasil. Essa atividade tem sido fortemente exercida pelo enfermeiro, que possui amparo legal pelo Conselho Federal de Enfermagem para atuar em todo o processo de doação. Esse artigo traz como objetivo adaptar o instrumento de busca ativa e implantar rotina sistematizada junto aos profissionais que atuam no processo de doação de órgãos e tecidos, a partir da legislação vigente no país. Trata-se de relato de experiência, o qual utilizou o método PDSA do inglês Plan, Do, Study and Act (planejar, executar, estudar e monitorar ou agir) para apoiar o desenvolvimento da adaptação do instrumento. Os indicadores para avaliar o instrumento foram: número de possíveis doadores avaliados; tempo médio de perda dos reflexos de tronco; número de protocolos abertos; número de notificação de potenciais doadores e causas para a não abertura do protocolo. Os resultados foram comparados ao mesmo período de tempo anterior à aplicação do projeto. O referido estudo foi desenvolvido junto à equipe procura de órgãos de dois hospitais da região norte do país. No hospital 01, 20 possíveis doadores foram rastreados, quantificando 147 avaliações de busca ativa nos dois turnos. No hospital 02, 18 possíveis doadores foram rastreados, somando 82 avaliações de busca ativa nos dois turnos. O instrumento padronizado e a rotina sistematizada resultaram em média 2 avaliações de busca ativa a mais para cada paciente no hospital. No que se refere a avaliação do instrumento pelos participantes: 42,9% demonstraram algum grau de insatisfação quanto a periodicidade e 14,1% se disseram muito insatisfeitos com a viabilidade dos horários e a periodicidade da busca ativa. Como pontos positivos os profissionais apontaram o monitoramento, controle e padronização da busca ativa. Já os aspectos negativos evidenciaram a inviabilidade de realizar a busca ativa duas vezes ao dia devido à ausência de recursos humanos para atuar nas 24 horas do dia. A adaptação e implantação do instrumento padronizado e rotina sistematizada de busca ativa mostrou-se efetiva para a identificação de e monitoramento de possíveis doadores, ao mesmo tempo em que evidenciou a fragilidade da equipe em otimizar essa etapa determinante do processo de doação.