Anais - 24º CBCENF
Resumo
Título:
DESESPERANÇA EM MULHERES PRIVADAS DE LIBERDADE E SUA ASSOCIAÇÃO A ABUSOS NA INFÂNCIA
Relatoria:
Gisele Milka Aureliano Sousa
Autores:
- Thainara Cristina Quintela Cavalcante dos Santos
- Givânya Bezerra de Melo
- Kydja Milene Souza Torres de Araújo
Modalidade:
Comunicação coordenada
Área:
Inovação das práticas de cuidado
Tipo:
Pesquisa
Resumo:
Introdução: A desesperança pode ser definida como expectativas negativas sobre o futuro, representando uma vulnerabilidade cognitiva importante. Diversos estudos relacionaram a desesperança aos traumas vivenciados na infância. Entre as adversidades na infância que impactam no aumento da prevalência da desesperança estão a negligência física, abuso verbal, abuso físico e abuso sexual. Embora haja assistência à saúde nas prisões, ainda não contemplam de forma eficaz as necessidades de saúde mental, sobretudo das mulheres. Metodologia: Trata-se de um estudo com abordagem quantitativa, do tipo descritivo, com corte transversal. A coleta de dados se deu em uma penitenciária feminina de Alagoas, com 77 mulheres em privação de liberdade, no período entre maio de 2019 e fevereiro de 2020. As participantes foram esclarecidas e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TLC). Como instrumento para avaliação da desesperança foi utilizado a Escala de Desesperança de Beck. Resultados: Os resultados do estudo demonstraram maiores médias de desesperança em mulheres privadas de liberdade que foram vítimas de violência cumulativa na infância (4,7), ao sofrerem ao menos 04 tipos de violência. Em relação aos tipos de abusos de forma individualizada, foi observado maiores médias de desesperança em mulheres que sofreram negligência (4,4), quando comparadas às que não sofreram (4,4 versus 4,24). Resultado semelhante também foi encontrado entre as que sofreram abuso emocional, as quais apresentaram média de desesperança de 4,4, superior à das que não sofreram esse tipo de abuso (4,0). Conclusão: Os achados do presente estudo evidenciam maiores médias de desesperança em mulheres vítimas de violência cumulativa; mulheres que sofreram negligência; e mulheres vítimas de abuso emocional. Estes dados contribuem para evidenciar que as vítimas de abuso na infância, principalmente quando sofrem revitimização, possuem maior vulnerabilidade para apresentarem desesperança, uma condição ligada ao adoecimento psíquico. É imprescindível a investigação sobre desesperança e histórico de abusos na infância em mulheres privadas de liberdade, tanto na prática clínica em saúde como em pesquisas para que possam ser viabilizadas medidas terapêuticas adequadas. Este estudo apresenta limitações, o tamanho reduzido da amostra e também da escassez de estudos semelhantes para permitir a comparação dos achados.