Introdução: Sabe-se que a formação de um ser humano independente tem início em uma relação de dependência, a simbiose mãe-filho. O modelo materno funciona como eixo norteador e como alicerce na construção da personalidade do filho. Este processo, aparentemente linear e rigidamente determinado, transcorre dentro de uma trama composta por múltiplos fatores, imbrincados e correlacionados. Objetivo: relatar experiência interdisciplinar desenvolvida em um CAPSi relacionada aos atendimentos grupais com pais e seus filhos. Metodologia: esta atividade foi construída e desenvolvida em parceria por uma terapeuta ocupacional, uma enfermeira, uma técnica de enfermagem e uma psicóloga trabalhadoras de um CAPSi do interior de Minas Gerais. As ações iniciaram-se em fevereiro de 2019 e se finalizaram em julho do mesmo ano, sendo os encontros semanais, com duração aproximada de duas horas cada. Participaram das ações seis familiares responsáveis pelo acompanhamento dos adolescentes no serviço, juntamente com os mesmos, totalizando 12 indivíduos. Os encontros foram previamente planejados abrangendo temáticas já identificadas pelos profissionais como demandas latentes: autoconhecimento, conhecendo uns aos outros, adolescência, regras e limites, afeto e autoridade, drogas, confiança, rotina, padrões de comportamento, luto e melancolia e relação pais-filho. Resultados: De maneira geral, observou-se aspectos relacionados ao espaço no qual os pais e o filho ocupavam na vida um do outro, as fragilidades identificadas por cada um, a exteriorização de sentimentos devido à relação estabelecida, a importância do acolhimento, da escuta e da comunicação entre ambas as partes, as características que auxiliavam e atrapalhavam cada um deles, semelhanças e diferenças entre os comportamentos dos filhos e de seus pais, aos elementos esperados para adolescência na contemporaneidade, ao sentimento de pertencimento à esta família, aos direitos e deveres de ambos, às referências adotadas pelos adolescentes, ao interesse juvenil crescente pelas drogas e pela sexualidade, ao estabelecimento de rotina na vida, aos sentimentos de perdas diversas, à construção de espaços individuais prazerosos entre pais e seus filhos, entre outros. Conclusão: as ações propostas evidenciaram a importância do planejamento e da implementação de estratégias que visem o fortalecimento dos laços familiares, além da necessidade de inclusão das famílias nos serviços de saúde mental.