Introdução: O Planejamento Estratégico Situacional (PSE), de Carlos Matus, partiu de reflexões sobre capacidade de governar, tendo como base: projeto de governo, capacidade de governo e governabilidade do sistema. O PSE subsidia o planejamento em saúde em quatro momentos: explicativo, normativo, estratégico e tático-operacional, com foco no governo democrático e poder compartilhado. A solução de problemas envolve situação, ator social e ação. O modelo foi utilizado como referencial na disciplina Política, planejamento e gestão em saúde, do Curso de Enfermagem de uma Universidade Pública. Objetivo: Relatar a aplicação do PSE na construção de um projeto de intervenção na Unidade Básica de Saúde (UBS) do interior do Estado do Rio de Janeiro. Metodologia: De 13 de abril a 29 de junho de 2022, 16 estudantes participaram dos processos de trabalho da UBS, a fim de conhecê-los. Os quatro momentos do PSE orientaram a construção do projeto de intervenção. As técnicas utilizadas junto aos atores sociais foram a observação participante e a roda de conversa. Resultados: A UBS atende a quatro territórios localizados em seu entorno, dois deles com alta demanda social e de saúde. Neste cenário, no momento explicativo do PSE, foram elencadas situações que demandassem intervenção. Estudantes, docentes e trabalhadores participaram na elucidação dos problemas e suas causas. O ambiente da recepção da UBS foi selecionado para atuação, pelo seu protagonismo junto ao usuário. Destacou-se a demanda de atendimento pela população LGBTQIA+, e lacunas no conhecimento acerca do tema foram identificadas entre as profissionais da recepção. No momento normativo foi definida coletivamente, como solução possível, uma ação de qualificação para o acolhimento ao público, livre de juízos de valor ou preconceitos quanto ao gênero e orientação sexual. A viabilidade da intervenção, com observação de possíveis obstáculos para sua concretização e as operações específicas foram tratadas no momento estratégico. Nesta direção, no momento tático-operacional, a intervenção foi realizada numa dinâmica, com uso de metodologia ativa, na qual as terminologias relacionadas à questão de gênero, orientação sexual e o acolhimento dos usuários tiveram centralidade. Um material educativo foi criado para instrumentalizar o trabalho na UBS. Conclusão: Na UBS, a continuidade do projeto foi solicitada. O PSE é eficiente para promover melhorias no processo de trabalho em saúde e aperfeiçoamento estudantil.