INTRODUÇÃO: A Carteira de Serviços da Atenção Primária à Saúde objetiva informar profissionais e usuários sobre quais ações e serviços são ofertados. Para que os usuários recebam cuidado integral, são desenvolvidas ações de prevenção, promoção, tratamento e reabilitação. OBJETIVO: Identificar quais as ações e serviços ofertados em uma Unidade Básica de Saúde e quais as implicações para a assistência de enfermagem. METODOLOGIA: Estudo descritivo, transversal, realizado em uma Unidade Básica de Saúde do Sertão Central do Ceará em julho de 2022. Estruturado em três etapas: coleta; agrupamento; e análise dos dados. Para a coleta de dados foi realizada entrevista com duas enfermeiras, uma técnica de enfermagem, uma dentista e uma recepcionista. Utilizou-se a Carteira de Serviços da Atenção Primária à Saúde como instrumento, em que foi questionado quais dos serviços listados eram ofertados. Os dados foram agrupados, apresentados e discutidos em reunião de equipe. RESULTADOS: As ações e serviços ofertados envolvem vigilância e promoção à saúde; atenção à saúde do adulto, idoso e criança; procedimentos; e atenção à saúde bucal. Dentre esses, a equipe de enfermagem desempenha a maioria das ações e serviços ofertados e os atendimentos mais frequentes são acompanhamento de doenças crônicas; vacinação; encaminhamentos para exames, consultas com especialistas e cirurgias; notificação compulsória e realização de testes rápido para COVID-19. Foi observado que o absenteísmo do médico afeta a atuação das enfermeiras devido pendências deixadas pelo profissional. Além disso, a cultura de trabalho do médico dificulta o agendamento de consultas, incentivando a costumeira renovação de receitas pelos agentes comunitários de saúde, caso em que o profissional recolhe as receitas com os pacientes e leva até a unidade de saúde para que elas sejam transcritas pela enfermeira, sem que o paciente passe por uma avaliação. A sobrecarga e as situações de desrespeito vivenciadas por não atender as demandas podem interferir na qualidade da assistência e de vida das enfermeiras. A fragilidade do vínculo empregatício dificulta a adoção de medidas rígidas contra as práticas atuais, contribuindo com a manutenção da atual situação de desassistência da população. CONCLUSÃO: Conclui-se que a assistência de enfermagem sofre interferência a partir da cultura de trabalho de outras categorias profissionais e que a qualidade do atendimento na Unidade Básica de Saúde pode estar comprometida.