Introdução: A pandemia da COVID-19 apresentou um cenário caótico aos serviços de saúde brasileiro. A equipe de enfermagem atuante na linha de frente no combate à pandemia foi exposta diariamente ao risco de infecção e tiveram que lidar neste momento crítico com todas as carências presentes nas instituições de saúde há anos e com suas próprias incertezas, medos e ansiedades, sem abandonar suas funções. Objetivos: Descrever os fatores intervenientes para a satisfação e motivação para o trabalho dos profissionais de enfermagem do Estado do Rio de Janeiro. Métodos: Estudo exploratório, descritivo, com abordagem qualitativa, realizado com os profissionais integrantes da equipe de enfermagem atuantes na linha de frente no combate à COVID-19 do Estado do Rio de Janeiro, entre os meses de outubro e dezembro de 2021. Os dados de caracterização dos participantes foram analisados através do software Statistical Package for the Social Sciences for Windows versão 20.0 e os dados qualitativos por meio do software Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires. O estudo contemplou todos os princípios éticos e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer n°4.935.885. Resultados: Participaram da pesquisa 72 (100%) profissionais, dos quais 66 (91,7%) eram do sexo feminino, 42 (58,3%) eram técnicos de enfermagem e 60 (83,3%) participantes atuavam em instituições públicas de saúde. A Classificação Hierárquica Descendente apresentou 75% de aproveitamento, evidenciando 4 classes com as palavras mais significativas. A motivação foi referida como presente em 46 (63,9%) profissionais e relacionaram-se à satisfação ao estado do paciente e sua recuperação, ao princípio da beneficência presente nos profissionais e estar empregado em um momento instável. Enquanto, a desmotivação e insatisfação associaram-se às dificuldades estruturais das instituições de saúde, más condições de trabalho, baixos salários e falta de reconhecimento profissional. Conclusão: Os profissionais de enfermagem demonstraram que apesar do contexto adverso vivenciado na pandemia, conseguiram se manter motivados para o trabalho, o que talvez possa estar associado ao compromisso profissional e, ao senso de responsabilidade coletiva. Ademais os motivos atribuídos à insatisfação e desmotivação remontam aos aspectos estruturais já existentes antes da pandemia, o que reforça a necessidade da aplicação de políticas públicas voltadas à saúde do trabalhador de enfermagem.