Introdução: No cuidado às mulheres rurais quilombolas ainda se evidencia carência de oportunidades básicas de acesso a serviços de saúde, dentre outros fatores relacionados ao espaço interacional na dinâmica do cuidado. Objetivo: Relatar as experiências sobre as influências intergeracionais no cuidado com idosas quilombolas atendidas na Estratégia Saúde da Família (ESF) no interior cearense. Metodologia: Estudo descritivo, do tipo relato de experiência acerca das influências intergeracionais no cuidado às idosas quilombolas na ESF no interior do Ceará. O município possui uma população estimada de 16.331 habitantes. A equipe de saúde acompanha 775 famílias. A comunidade quilombola está inserida em um distrito criado em 1989 e possui 235 famílias. A imersão na localidade vem acontecendo desde fevereiro de 2022 por ser meu objeto de estudo no Doutorado Profissional em Saúde da Família (2021-2023), Universidade Estadual do Ceará, sendo resgatado sua história, ancestralidade e raízes da tradição nos registros contidos na associação e nas histórias contadas por pessoas mais velhas durante as visitas domiciliares e na unidade de saúde. A escolha pelas mulheres deu-se pelo entendimento de alargar a compreensão das singularidades e subjetividades de mulheres adultas que valorizam a sua identidade negra e as múltiplas relações do cuidado, mostrando as formas de ser mulher na contemporaneidade. Resultados: As narrativas e observações durante as visitas domiciliares e na unidade de saúde demonstram a preocupação das mulheres de cuidarem de si e da família, estando muito arraigado práticas e saberes populares, como cultivo e uso de plantas medicinais, rituais e tradições africanas para cuidar da saúde. Torna-se substancial a equipe de saúde agregar estes saberes aos cuidados de saúde para ampliar a prática de cuidados da população, tendo em vista que essas influências intergeracionais fazem parte da história e dos valores socioculturais desse grupo social. Considerações Finais: Pelas vivências, evidenciou-se ser importante agregar saberes populares ao conhecimento cientifico nas práticas de saúde com mulheres quilombolas, considerando a subjetividade que envolve sua cultura nas concepções que determinam o processo cuidar/cuidado na ESF, com o intuito de fortalecer as relações interpessoais com criatividade e subjetividade humanas em todas as práticas de atenção à saúde.