O abortamento abrange preconceitos, valores e posturas pessoais que podem influenciar no cuidado de enfermagem. Trata-se de estudo qualitativo, que objetiva identificar as possibilidades e limites de enfermeiro vivenciar conflitos éticos no cuidado de mulher em abortamento e descrever medidas de prevenção de conflitos éticos com familiares de mulher em abortamento. Participaram cinco enfermeiros que atuam no atendimento pós-aborto, de hospital especializado, em Feira de Santana-BA. Os dados foram coletados em outubro e novembro de 2019. Analisados por meio do fenômeno situado proposto por Martins e Bicudo. Os conflitos éticos emergem por questionamentos de familiares quanto ao aborto; diferentes posturas de enfermeiros durante assistência. A possibilidade de vivenciar conflitos éticos com familiares quando a situação clínica é apresentada, e interrogam a respeito da motivação e se o aborto foi induzido. Quanto aos conflitos éticos, emergem quando a mulher não atingiu a maioridade e não deseja que seus familiares saibam o motivo de sua internação, porém, os enfermeiros necessitam informar a situação para eles. Os limites acontecem quando há desentendimento com o familiar e buscam intervenções de amenização da situação. Os enfermeiros apontam que há necessidade de suporte psicológico na instituição hospitalar, destacando que os conflitos acontecem em diversos momentos, levando à desestabilização emocional da mulher, bem como de seu familiar. Quanto ao fazer e o agir para prevenção de conflitos éticos, os enfermeiros mostram a necessidade de acolhimento desde admissão à mulher e familiares, solicitar apoio da equipe multidisciplinar, cuidado digno e respeitoso da equipe. Conclui-se que os conflitos éticos vivenciados pelos enfermeiros estão relacionados a possibilidade de quebra sigilo ético, atraso na assistência à mulher em abortamento, postura profissional que impactam negativamente na assistência. Todavia, é preciso empreender cuidado integral à mulher e familiares.