A violência sexual aparece como uma questão de saúde pública sustentada por uma preocupação endêmica a partir da sua constatação em todas as classes sociais, sem distinção de gênero, raça, cor, faixa etária, e com um aspecto comum em todos esses segmentos: originada de um complexo contexto macrossocial e cultural em que são perpassadas relações desiguais e de poderio. Trata-se de um estudo epidemiológico retrospectivo com abordagem quantitativa e analítica de dados secundários obtidos por intermédio do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) para avaliar o perfil epidemiológico da violência sexual no estado do Ceará nos últimos 5 anos. A distribuição das notificações de violência sexual no Brasil apresenta-se heterogênea, o Nordeste ocupa a 3ª posição com 34.245 notificações (17,87%), das quais 5.211 são referentes ao estado do Ceará, este por sua vez apresenta maior prevalência na macrorregião 1- Fortaleza (59,85%). Acerca das notificações no estado do Ceará, prevaleceram em indivíduos do gênero feminino (aproximadamente 94%), referente à faixa etária as vítimas possuem idade entre 10-14 anos (32,3%), de cor/raça parda (76,5%), a maior parte referiu grau de escolaridade entre a 5ª a 8ª série do ensino fundamental incompleto (24%). As notificações de violência sexual registradas no estado do Ceará representam um problema de saúde pública. Para atuar na problemática são necessárias ações intersetoriais com ênfase nos campos da saúde e educação, sendo imprescindível um olhar atendo e ampliado a fim de perceber indícios da violência sexual e intervir o mais precocemente possível, além de prover nos campos da saúde pública a fim de promover e proteger os mais vulneráveis.