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Anais - 24º CBCENF

Resumo

Título:
PRIMÓRDIOS DA PARTICIPAÇÃO MASCULINA NA ENFERMAGEM BRASILEIRA
Relatoria:
ALEXANDRO DO VALE SILVA
Autores:
Modalidade:
Pôster
Área:
Dimensão ético política nas práticas profissionais
Tipo:
Pesquisa
Resumo:
Nas primeiras décadas do século XX, o poder de prestar cuidados, que inicialmente se concentrava nas mãos femininas, sofre transformações ao longo do período imperial, tendo em vista a sociedade patriarcal da época. Não obstante, o profissional de enfermagem do sexo masculino sempre existiu, principalmente em situações de guerra. Estudo com objetivo de discutir a presença da identidade profissional do enfermeiro masculino no Brasil. Estudo descritivo com abordagem qualitativa apresentado na forma de um recorte de dissertação de mestrado em 2016 no interior do Ceará. A identidade sexual do cuidado, cerne da enfermagem, sempre foi focalizado na figura feminina. A prática de natureza curativista de tratar uma ou outra doença estava, no entanto, era reservada aos homens, que recebiam diversas denominações como feiticeiro, médico, botânico, sacerdotes, entre outras. Os indícios bibliográficos revelam que a apesar da enfermagem ser uma profissão ontologicamente feminina, a presença do contingente masculino desenvolvendo a prestação de serviços assistenciais de enfermagem foi bastante expressiva, com base no quantitativo de anúncios que ofereciam e solicitavam a intitulação enfermeiro. Ao longo do período imperial o cuidado era inicialmente prestado pelas mãos femininas. Porém, tendo em vista a sociedade patriarcal, os inúmeros anúncios divulgados no Jornal do Commercio, um dos mais requisitados do seu tempo no Rio de Janeiro, revelam que tanto a oferta como a procura pelos agentes de enfermagem autônomo eram intitulados enfermeiros. A partir desses registros nota-se que dos 50 anúncios de oferta para a prática assistencial de enfermagem, 74% eram destinados para enfermeiros e 26% destinados para enfermeiras. Com relação aos anúncios por procura de profissionais de enfermagem, contabilizou-se 89 propagandas, destas 66,3% dirigida a enfermeiros, 29,2% para enfermeiras e 4,5% para ambos os sexos. Portanto, embora a enfermagem seja reconhecida pelos seus primórdios uma profissão que traz em primazia a prática feminina, os anúncios publicados no Jornal do Commercio retratam que a enfermagem pré-profissional brasileira se desenvolveu como uma profissão masculina. Foi essa identidade profissional masculina que se propagou de forma autônoma. Criou possibilidade de inserção para o gênero feminino, de forma legalmente reconhecida, quando no final do período imperial a Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras divulga oportunidade de mulheres ingressarem na mesma.