Estima-se que ocorram, no Brasil, mais de um milhão de abortamentos induzidos por ano, sendo este um importante problema de saúde pública no nosso país, com impacto expressivo nos índices de mortalidade materna. A enfermagem é a categoria profissional que está presente continuamente no cuidado integral à mulher em situação de abortamento. O objetivo desse estudo é relatar a experiência de enfermeiras na assistência a mulheres em situação de abortamento em uma Maternidade pública, na cidade de Salvador. Realizou-se um estudo descritivo, caracterizado como relato de experiência, em 2021, em uma maternidade pública de Salvador-Ba. Os cuidados de enfermagem relatados envolvem desde o acolhimento das pacientes até o acompanhamento ambulatorial, na alta, com orientação para o planejamento reprodutivo. Dentre as atividades assistenciais de enfermagem especificamente, destaca-se a preparação para curetagem ou AMIU se necessário; verificação dos exames laboratoriais como tipagem sanguínea para avaliar a necessidade do uso da imunoglobulina anti-D caso seja Rh negativo e não houver sensibilização prévia; hemograma para monitorização de anemia; orientação sobre a coleta de sorologias para HIV e sífilis; alívio da dor; orientação sobre medicamentos prescritos e monitorização de sinais de hemorragia e infecção. A partir da experiência, concluímos que se torna necessária a qualificação profissional e uma atuação ética, garantindo o atendimento livre de julgamentos, pautado nos direitos reprodutivos da mulher, em busca da integralidade e humanização do cuidado às mulheres que sofreram abortamento.