A educação em saúde é uma ferramenta importante para complementar e assegurar uma assistência à saúde integral. Frente essa realidade, as práticas educativas ganham cada vez mais destaque no âmbito da saúde. No entanto, observa-se que, na sua maioria, as ações obedecem a metodologias tradicionais e hierarquizadas, onde o profissional de saúde é o detentor do conhecimento e repassa aos usuários, de uma forma verticalizada, não privilegiando a criação de vínculo com a população que recebe as informações prontas, sem espaço para discussões. Na contramão dessa visão tradicional de educar, surge a educação popular em saúde, nessa nova perspectiva, as ações educativas consideram não apenas o saber do profissional, mas o saber prévio de todos os sujeitos envolvidos no processo, tornando uma aprendizagem mútua, que envolve crenças, valores e percepções de mundo. Em relação ao exposto, o trabalho objetiva realizar uma realizar uma releitura a partir da análise das ideias pedagógicas desenvolvidas por Paulo Freire no livro Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa (2020), a fim de possibilitar novas reflexões acerca das práticas educativas em saúde, enfatizando os seus pressupostos teóricos como estratégia para as ações dos profissionais de saúde. A metodologia consistiu em uma revisão bibliográfica acerca dos estudos envolvendo a educação popular em saúde, seguida pela reflexão dos construtos de Paulo Freire na Pedagogia da Autonomia na prática educativa em saúde. Como resultado, a aplicação da proposta pedagógica recomendada por Paulo Freire em Pedagogia da Autonomia é fundamental no processo de construção dos caminhos para efetivação das práticas educativas em saúde. Na sua prática educativa, o profissional de saúde é capaz de despertar nos pacientes um olhar crítico sobre o processo saúde doença, tornando-os capazes de reconhecer os fatores que condicionam o seu adoecimento, as atitudes que favorecem a sua saúde, as ações que podem mudar seu contexto vivido, e as escolhas que podem ser adotadas conscientemente para sua transformação social. Conclui-se que a metodologia da Pedagogia da Autonomia poderá embasar as ações educativas dos profissionais de saúde, no sentido de empoderar o indivíduo e sua rede de apoio social, quanto aos conhecimentos e apoios necessários, com adaptação a cada realidade, fornecendo subsídios para reconhecer as melhores escolhas e garantindo-lhe o direito de tomar uma decisão consciente sobre sua saúde.