Introdução: O cuidado de enfermagem à usuários de álcool representa um grande desafio, principalmente por requer competências nem sempre desenvolvidas ao longo da graduação e pós-graduação. Objetivo: Compreender os cuidados de enfermagem à usuários de álcool atendidos em Estratégia de Saúde da Família (ESF). Métodos: Trata-se de estudo exploratório e qualitativo, realizado com enfermeiros de Estratégias Saúde da Família (ESF) em um município do interior de Mato Grosso, Brasil. Como critérios de inclusão, enfermeiros com no mínimo 24 meses de atuação nesse tipo de serviço. Sendo excluídos, enfermeiros com atestado médico ou licença maternidade no período de coleta dos dados. A coleta de dados ocorreu em janeiro de 2022, no próprio serviço de saúde, com aplicação de questionário semiestruturado (dados sociodemográficos e aspectos sobre a assistência ao usuário de álcool) elaborado pelos próprios pesquisadores, que foi testado previamente com população semelhante, que não integrou o estudo. O tamanho da amostra foi definido pelo critério de reincidência de informação. Os dados foram analisados por meio da análise temática. Esse estudo integra o projeto matricial “Ensino, práticas e tecnologias inovadoras na saúde e educação”, aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, CAAE: 28214720.9.0000.5166 e parecer n. 3.903.714. Resultados: Participaram do estudo 17 enfermeiros, prevalecendo o sexo feminino, com faixa etária entre 28 e 50 anos, concursados e sem especializações na área de saúde mental. Sobre os cuidados de enfermagem, em sua maioria referem a escuta qualificada, porém sem utilização de instrumentos e registros. Na maioria das vezes encaminham esses usuários para o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) na primeira abordagem, sem nenhuma intervenção. Apesar de concordarem que todos devem receber assistência integral, consideram sua assistência pouco efetiva e não possuem satisfação em trabalhar com essa demanda. Acreditam que outros perfis de usuários sejam mais difíceis de serem assistidos, mas temem a agressividade desses usuários. Reconhecem que necessitam de treinamento especial para tais cuidados. Conclusão: Parece existir fragilidades na realização dos cuidados de enfermagem, por aspectos técnico-científicos como relacional e cultural. Esse cenário aponta a necessidade de implantar programas de educação permanente e avaliação contínua dos serviços.