INTRODUÇÃO: A Reforma Psiquiátrica apresenta-se como um processo complexo de mudanças socioculturais e na assistência em saúde mental. O sujeito não mais deve ser visto pela doença, mas como pessoa que, devido às suas diferenças, necessita de terapêuticas que o ajudem a garantir sua cidadania, autonomia e qualidade de vida. Nesse contexto, a atuação da enfermagem deve não só atender as suas necessidades humanas básicas, como também promover sua autoestima/autonomia visando à inserção do indivíduo em sociedade. OBJETIVOS: Relatar a experiência de enfermeiras no resgate da autoestima e autonomia do indivíduo em sofrimento psíquico. METODOLOGIA: Trata-se de um relato de experiência, desenvolvido por enfermeiras do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Mental na vivência com pacientes internados em uma Clínica Psiquiátrica de um Hospital Geral, no município de Belém, PA. RESULTADO: O direcionamento para a atividade terapêutica extra-hospitalar teve início com a preparação dos pacientes quanto a sua higiene corporal e oral. Em seguida, foram encaminhados para uma enfermaria na qual estavam disponíveis diversas peças de roupa para livre escolha. Nessa dinâmica, os pacientes demonstraram-se entusiasmados, experimentando mais de uma combinação de peças e decidindo pela qual mais agradava-lhes. Posteriormente, os mesmos foram encaminhados para uma sala para realizar cuidados pós banho que incluíam: limpeza/hidratação do rosto, maquiagem e penteado. No decorrer da atividade fora do ambiente hospitalar os pacientes demonstram-se estar à vontade trajando vestimentas que refletissem sua personalidade e não o estigmatizassem. Nesse cenário, chamou a atenção as repercussões dessa ação na autonomia e autoestima do indivíduo, pois notou-se nesse processo de escolha o resgate da personalidade, subjetividade, gostos pessoais e a valorização da autoimagem, nas quais muitas vezes encontra-se prejudicada pelo processo de internação hospitalar. CONCLUSÃO: A experiência revela a importância do olhar do enfermeiro voltado para autonomia e autoestima dos pacientes na sistematização de seus cuidados, a iniciativa de descaracterizar os pacientes internados por meio da disponibilização de trajes fora do padrão hospitalar é uma estratégia para tal. Essa ação reflete melhorias frente ao cuidado com os pacientes psiquiátricos, caracterizando uma saúde mental mais humanizada.