Introdução: As mulheres encarceradas, em geral, são mães solteiras e moravam com os filhos antes de serem presas, portanto mulheres com o ônus da criação dos filhos. Após o encarceramento, a maioria dos filhos passa a viver sob a tutela dos avós, principalmente os maternos. Elas buscam manter vínculos familiares, preferindo estar em cadeias públicas com péssimas condições, sem acesso ao estudo e ao trabalho que ajudam na remição da pena, desde que perto dos familiares. Objetivo: Compreender a percepção de crianças acerca das visitas às mães na prisão. Metodologia: Trata-se de um estudo fenomenológico à luz do referencial teórico de Winnicott, realizado em um centro assistencial filantrópico de São Paulo, com seis crianças, entre três e dez anos, por meio de entrevistas mediadas por sessões de brinquedo terapêutico dramático, gravadas em áudio e submetidas a análise fenomenológica - descrição, redução e compreensão. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: As crianças, na primeira visita à prisão, destacaram a revista íntima e a aparência da mãe e, nas demais visitas, perceberam questões relacionadas à alimentação. Receber atenção da mãe trouxe satisfação às crianças, porém a frequência das visitas foi aquém das necessidades e a despedida considerada como momento doloroso. Conclusão: As crianças revelaram que as visitas às mães na prisão são essenciais para manter a confiança, diminuindo a privação materna. O brinquedo terapêutico, instrumento de cuidado do enfermeiro, possibilitou a expressão de preocupações e desejos, além de revelar realidade pouco conhecida.