Introdução: A avaliação do ensino superior representa etapa importante da análise dos padrões de qualidade do ensino ofertado na graduação. No Brasil, o Exame Nacional de Desempenho do Estudante (ENADE) busca aferir o desempenho dos estudantes frente aos conteúdos programáticos previstos na formação geral e nas diretrizes curriculares das suas respectivas áreas de graduação. Apesar de ser uma avaliação bastante conhecida, os dados do ENADE ainda foram pouco utilizados para debater a qualidade do ensino superior da Enfermagem brasileira. Objetivo: analisar o ensino superior da Enfermagem no Brasil segundo os resultados do desempenho dos estudantes no ENADE de 2019. Metodologia: estudo transversal, retrospectivo, de abordagem quantitativa com dados on-line referentes a 38.266 estudantes de 793 cursos da Enfermagem. O desempenho dos estudantes foi expresso em conceitos, ordenados em escala de um a cinco. Foram estimadas prevalências dos conceitos. Por meio de teste estatísticos (?=5%) foram avaliadas diferenças segundo as características administrativas, de gestão e das cidades sede dos cursos. Resultados: observou-se que 40,7% dos cursos de enfermagem tiveram conceito insatisfatório (conceito <3) e somente 3,7% foram classificados como cursos de excelência (conceito 5). A prevalência do conceito insatisfatório foi estatisticamente maior entre os estudantes dos cursos privados (47,3%), ofertados em cursos isolados por faculdades (59,3%), sediados em cidades até 50.000 habitantes (59,3%), os das regiões norte (65,6%) e centro-oeste (47,1%). Conclusão: verificou-se importante heterogeneidade na qualidade do ensino superior de Enfermagem e a associação do conceito insatisfatório com características das instituições de ensino, tipo das cidades e regiões sedes dos cursos, apontando desafios para a qualidade da formação superior de Enfermagem no Brasil.