A Leishmaniose Visceral é uma zoonose, conhecida como calazar e tem com agente etiológico, um protozoário gênero Leishmania spp., sendo determinada no continente Americano como principal espécie a Leishmania infantum. No Brasil, o calazar é considerado uma zoonose de difícil controle e ampla distribuição, sendo encontrada nas cinco regiões do país. O presente estudo teve por objetivo traçar o perfil clínico epidemiológico dos óbitos por Leishmaniose Visceral ocorridos no Hospital Infantil Lucídio Portela localizado no estado do Piauí no período de 2008 a 2017. Para isto, foram analisados fichas de análises de óbitos, onde nestas continham informações de Declarações de óbitos e fichas de Investigação Hospitalar de Óbito Fetal e Infantil além de casos confirmados da doença no Sistema de Notificação de Agravos Nacional (SINAN). Analisou-se 26 óbitos por Leishmaniose Visceral. Os óbitos foram divididos em 15 (57,6%) pacientes do sexo masculino; 11 (42,3%) do sexo feminino. Em relação a complicações todos os óbitos apresentaram sepse grave 100% seguidos de hemorragia 69,2% e pneumonia 26,9%. Quanto à taxa de letalidade da doença no período de 2008 a 2017 observou-se que no ano de 2017 essa taxa aumentou significativamente 85,7%. Quanto as manifestações clínicas encontradas no estudo não são diferentes das encontradas na literatura. A febre e hepatoesplenomegalia predominaram nas amostras estudas dados semelhantes aos encontrados em estudos realizados por Mourão e Oliveira. Outro fator importante observado foi que todos apresentaram no momento da internação, quadro infeccioso o que contribuiu para o surgimento de complicações com septicemia. Notou-se ainda, que mesmo com a diminuição dos casos da doença desde 2016, em 2017 houve uma alta taxa de letalidade. Portanto, com base nos resultados obtidos no presente estudo, constatou-se que as principais manifestações clínicas encontradas não divergiram de estudos já realizados, sendo febre e hepatomegalia manifestações mais recorrentes. O predomínio de mortes infantis encontrados em crianças do sexo masculino é uma tendência observada na literatura. Concluiu-se ainda que razão da maior susceptibilidade das crianças menores de um ano é explicada pelo estado de relativa imaturidade imunológica.