INTRODUÇÃO: O estado de sofrimento psíquico da depressão afeta negativamente o desfecho da tuberculose e a capacidade funcional do indivíduo. Esta relação sindêmica tuberculose e depressão potencializa tais problemas de saúde pública e é pouco explorada, considerando a agenda global 2030 para findar a epidemia de tuberculose e promover saúde mental e bem-estar. Este contexto exige efetivar atributos primordiais da Atenção Primária à Saúde, em cuidado holístico, com intervenções baseadas nos cuidados integrados e centrados na pessoa, explorando dimensões subjetivas, aspectos psicosocioemocionais envolvidos no processo de adoecer por tuberculose e no cotidiano assistencial do tratamento. Para ampliar o escopo das melhores práticas na terapia antituberculosa e diminuir a sobrecarga da depressão é relevante entender tal sindemia e embasar as práticas de cuidados primários, notadamente, exercidas pelo Enfermeiro, no controle da tuberculose visando a integralidade do cuidado a pessoa. OBJETIVO: Descrever o perfil clínico, socioeconômico e a sintomatologia depressiva entre pessoas em tratamento de tuberculose em unidades básicas de saúde. METODOLOGIA: Estudo descritivo, de corte transversal realizado entre agosto de 2019 e março de 2020 em municípios metropolitanos do Espírito Santo, Brasil, fruto de dissertação do mestrado em Saúde Coletiva. Foram coletados dados socioeconômicos, comportamentais e clínicos em entrevista, rastreados sintomas depressivos pela escala Patient Health Questionnaire, por tradução, questionário de saúde do paciente, instrumento originário do Primary Care Evaluation of Mental Disorders, instrumento maior elaborado para aplicação no âmbito da atenção primária à saúde. RESULTADOS: Dos 92 pacientes, 67% do sexo masculino, 85% pretos/pardos, idade média 41,5 anos, 50% solteiros, 43% sem concluir ensino fundamental, 63% desempregados, 89% das classes socioeconômicas C, D, E. Rastreados 48% com sintomatologia depressiva, 81% gravidade leve a grave, predomínou fadiga (84%), humor deprimido e anedonia (58%). CONCLUSÃO: A sintomatologia depressiva apresentou frequência relevante e potencial para prejudicar a vida pessoal e estado de saúde das pessoas em tratamento da tuberculose. Assim, na perspectiva do Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose, esta lacuna do rastreamento da depressão poderia ser preenchida pelo Enfermeiro, expandiria ações de cuidado primário, centrados na pessoa e reduziria efeitos combinados da sindemia tuberculose-depressão.