Anais - 24º CBCENF
Resumo
Título:
UM OLHAR FEMINISTA SOBRE A CONSULTA DE ENFERMAGEM EM SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Relatoria:
Caroline Batista Melo
Autores:
- Biatriz Bezerra Castelo Cardoso Cruz
Modalidade:
Comunicação coordenada
Área:
Dimensão ético política nas práticas profissionais
Tipo:
Pesquisa
Resumo:
Os conceitos de saúde reprodutiva e direitos reprodutivos ainda são bem recentes, sendo discutidos pela primeira vez há 28 anos na Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento em 1994. Em 1995, na IV Conferência Mundial sobre a Mulher, os direitos reprodutivos, com a inclusão do termo saúde sexual, foram definidos como parte dos princípios dos Direitos Humanos. A liberdade do corpo e da sexualidade feminina é pauta do movimento feminista desde a década de 60, conhecida como a segunda onda ou geração do feminismo. Movimento que luta há mais de 100 anos pela igualdade entre homens e mulheres. Ter uma formação política feminista em uma profissão composta majoritariamente por mulheres, faz da enfermagem uma força de trabalho capaz de causar mudanças profundas na sociedade. Diante disto, o objetivo deste estudo é refletir sob uma perspectiva feminista sobre a consulta de enfermagem em saúde sexual e reprodutiva (SSR) e seu impacto na vida das mulheres. Tratou-se de uma pesquisa qualitativa com dados coletados através de entrevistas semiestruturadas, analisadas e representadas através do Discurso do Sujeito Coletivo com enfermeiras (os) da APS do município de Icapuí (CE). Devido a pandemia da COVID-19, todas as etapas deste estudo foram realizadas virtualmente. Seguindo os princípios éticos da Resolução nº 466 de 2012 do Conselho Nacional de Saúde, com aprovação, sob o CAAE 38060820.0.0000.5037 do Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Saúde Pública do Ceará. A partir das entrevistas, a consulta em SSR foi definida como um momento de conversa onde a mulher é central e indivíduo integral onde deve ter seus direitos e necessidades discutidos. Esta abordagem onde a usuária é vista para além do uso de anticoncepcionais, preservativos e prevenção ao câncer de mama e colo de útero é vital, uma vez que é imprescindível entender o contexto social e político em que esta mulher está inserida. A saúde sexual exige uma atitude positiva e respeitosa, porém, a vivencia da sexualidade foi e ainda é vetada às mulheres, fazendo com que as mesmas possuam e construam barreiras ao lidar com o tema. Essas barreiras existem a partir de normas, papéis e relações de gênero que foram construídas socialmente e que resultam em inequidades entre mulheres e homens. Diante de uma prática feminista, o profissional pode ser ferramenta de mudança e libertação a partir da quebra destas barreias, elucidando de micro e macro violências cotidianas que são perpetuadas pelo machismo.