Proposições políticas vêm sendo elaboradas desde a redemocratização da saúde para reversão de um modelo de assistência obstétrica tecnocrático em um modelo humanista com foco em evidências científicas. Em agosto de 2017, o Ministério da Saúde lança o Projeto de Aprimoramento e Inovação no Cuidado e Ensino em Obstetrícia e Neonatologia (ApiceOn) para qualificar os processos de atenção, gestão e formação na atenção ao parto em 97 Hospitais de Ensino, definindo como um de seus resultados a assistência a partos de risco habitual por enfermeiras obstétricas ou obstetrizes. Logo, compreendendo a relevância da atuação da enfermeira obstétrica para a reversão do modelo de assistência obstétrico a partir da implementação de boas práticas cuidado objetivou-se analisar a transição da inserção da enfermeira obstétrica em Sala de Parto a partir do Projeto ApiceOn em uma Instituição Federal de Ensino, Pesquisa e Assistência localizada no município do Rio de Janeiro/RJ. Trata-se de uma pesquisa com sustentação na Teoria das Transições de Afaf Meleis. Estudo de caso único, do tipo descritivo sustentado pela abordagem do método misto, a partir do Projeto Incorporado Concomitante. Entrevistas semi-estruturadas foram realizadas no período de outubro de 2021 a abril de 2022 com 10 enfermeiras obstétricas e 08 médicos obstetras envolvidos na implementação desse Projeto na maternidade e os relatos submetidos a análise de conteúdo na modalidade temática. Resultados preliminares possibilitam a estruturação de duas categorias reveladas a partir das narrativas: “A trajetória de implantação do projeto Apiceon em uma maternidade de um Hospital de Ensino” e “A percepção multiprofissional da atuação da Enfermeira Obstétrica em Sala de Parto”. Os dados iniciais revelados favorecem ampliar conhecimento e ferramentas assistenciais e gerenciais sobre a inserção e atuação de enfermeiras obstétricas em salas de parto em Hospital de Ensino a partir do Projeto ApiceOn. Política ministerial que reconhece e valoriza a práxis da enfermeira obstétrica e assim ser capaz de impulsionar movimentos de redefinição do modelo obstétrico por meio da atenção qualificada com redução de práticas intervencionistas e de uma prática colaborativa no campo do parto e nascimento.